quinta-feira, 30 de junho de 2011

APRENDENDO A SER IRMÃO MAIS VELHO

Caio querido,

você agora é um irmão mais velho e começa a se dar conta disso. Você já vinha curtindo a barriga da mamãe durante toda a gravidez, até super-irmão você foi, mas só agora você está percebendo que definitivamente somos quatro, que seu irmão veio mesmo pra ficar. E está tentando entender o que é ser um "irmão mais velho": você quer saber se cresceu, se já é adulto, o que significa ser "mais velho", e por aí afora...


Eu também sou a irmã mais velha, filho, das suas duas tias queridas, mas só agora, vendo seu processo, é que compreendi que tranformar-se em irmão mais velho exige todo um aprendizado, leva tempo, tem momentos muito alegres, mas pode também ser um tanto doloridinho... E está sendo tão bonito acompanhar os seus primeiros passos nesse caminho, filho!

A gente sempre ouve as histórias de ciúmes entre irmãos, de birras, de regressões do filho mais velho e fica parecendo que é tudo um grande trauma, uma grande dificuldade, um grande problema. Realmente isso tudo acontece, mais cedo ou mais tarde, mas, como tudo na vida, não é o único lado da moeda. Tem também a descoberta de novos sentimentos, o crescimento, a ampliação de vínculos e horizontes. Penso que tudo isso, bem dosado, mediado por nós, seus pais, tendem a te fazer uma pessoa ainda melhor, mais capaz de dividir, de ouvir, de ter paciência, de conquistar o seu espaço... veremos no futuro.


Mas o que quero te contar é que, até agora, você está indo muito bem nesse seu aprendizado. Você sacou, logo de cara, que teria que reencontrar seu lugar na nossa nova configuração familiar, já que agora você não era mais o único queridinho da mamãe, do papai, dos avós, das titias, dos amigos. E, por enquanto, ao invés de tentar reconquistar esse lugar apenas no grito, na birra, na manha, você tem ido também por outros caminhos.

Pra começar, você ficou todo engraçadinho. Cheio de histórias, uma mais maluca e divertida que a outra, você conquista a atenção de todos, que riem muito com suas gracinhas. Você está ainda mais conversadeiro, e sua companhia ficou ainda mais gostosa! Ponto pra você.

Além disso, você mergulhou fundo no mundo da imaginação, acho que como uma forma de elaborar todas as novidades que estavam acontecendo na sua vida. (É certo que as brincadeiras, por vezes, ficaram um pouco mais agressivas, cheias de espadas e malvados morrendo... mas tanto melhor que seja nelas que você venha canalizando essa agressividade natural, isso é saudável e pode te ajudar a lidar com ela!). Mil personagens, aventuras mirabolantes, os brinquedos ganharam nova vida e todos nós entramos na dança, cada dia como um personagem diferente. Todos os cômodos da casa foram tomados por suas brincadeiras, e o mundo do faz de conta virou seu delicioso refúgio. Até o Nuno você transformou em mil e um personagens, sempre no diminutivo, uma graça. Foi realmente impressionante o salto que você deu, em um período de tempo tão curto, em termos de brincadeiras, de invenções, de imaginação.


Mas o salto mais impressionante - e que eu vi como uma maneira muito saudável que você encontrou de chamar a atenção - foi na linguagem. Quinze dias depois que o Nuno nasceu, nessas suas conversações e invenções cada vez mais elaboradas, você incorporou um novo aprendizado. Talvez por estímulo da vovó e do vovô, o fato é que você aprendeu a falar praticamente todos os fonemas em que ainda trocava ou engolia letras! Taio virou Caio, telo virou quelo, dato virou gato, tês virou tlês, depois tllrês e até um trrrês já está saindo, memo está virando mesmo... e por aí afora! Você ainda se confunde um pouco, corinthians ainda é tolintias, de vez em quando sai um adola ou agola no lugar de agora, mas a virada que o aprendizado exige está feita, é só uma questão de tempo. Mamãe ficou tão, mas tão orgulhosa!! E ao mesmo tempo com uma pontinha de tristeza (mãe é bicho doido, filho!) por sentir que meu menininho está crescendo tão rápido... mas outra hora a gente fala mais disso.
 
Claro que você também está fazendo birras, mas, por enquanto, nada ainda muito maior do que as que você já fazia desde que se aproximou do "portal" dos dois anos, e que fez durante a gravidez também. Em geral, elas acontecem quando você está cansado, com sono ou com fome, e são intensificadas - claro! - pelo fato de que a atenção que há pouco tempo atrás seria dedicada exclusivamente a você, agora tem de ser dividida com Nuno... Além disso, em alguns momentos (especialmente em eventos sociais ou no meio de muitas pessoas)  você tem ficado mais acanhado, sem querer papo com ninguém, mas só por algum tempo, até ganhar confiança, até sentir que seu espaço está garantido, independente do Nuno. As despedidas também ficaram mais difíceis, mas você nunca gostou muito delas...


Mas com o Nuno, de modo geral, tem prevalecido seu carinho, sua vontade de vê-lo, de pegá-lo, de beijá-lo, de apertá-lo (por vezes até demais, temos sempre que ficar de olho!), de conversar com ele, de estar junto dele. Vira  e mexe você fala: "eu amo meu irmao", "nuninho, eu te adoro", "eu tô tao feliz de ter um irmao!",  "eu fiquei muito feliz que o nuno nasceu", e fica eufórico quando pode pegá-lo no colo.

Até agora, uma única vez você soltou um: "Mamãe, eu não quero mais ter neném!" Nuno devia ter uns quinze dias, eu estava com você no banheiro e não entendi direito... Perguntei: "Você não quer mais SER neném?" E você: "Eu não quero mais TER neném!" Puxei conversa: "Ah, é? E porque filho?" A resposta estava na ponta da língua: "ah, mamãe, ele não sabe falar, não sabe comer, não sabe fazer nada..." Continuei a conversa dizendo que neném era assim mesmo, que você também já tinha sido assim, e que logo ele iria começar a aprender muitas coisas, que a gente ia ter que ensinar... Desde então, você ficou todo animado, querendo ver em cada gesto do Nuno um novo aprendizado: se ele faz algum som, você se empolga - "ele tá falando comigo"; se ele mexe o bracinho e  toca em você ou em algum brinquedo, ele está te fazendo carinho (ou te batendo, rá!) ou tentando pegar o brinquedo; se você põe algo na mão dele e ele agarra, você se anima dizendo que ele está aprendendo a segurar... E quando ele começou a sorrir, então! Cada movimento de boca do Nuno é um sorriso para você... e quem sabe não é, mesmo?


Nós temos tentado garantir seu espaço, nossos momentos só com você, nossos tempos de brincadeiras, de histórias, de passeios, mas, inevitavelmente, está tudo bem diferente de como era há até um mês e meio atrás, e você sabe disso, você sente isso, nós sentimos também. E se isso pode ser sentido como uma perda, outros ganhos já se deram e muitos ainda estão por vir, pode ter certeza. Vai ter ciúme, vai ter briga, ô se vai. Mas ter um irmão é bom demais, você vai ver. Só que isso  já é assunto pra outra carta.

A gente te ama muito, filho, e estamos muito felizes em ver sua transformação em "irmão mais velho". Aos poucos eu vou contando pra você desse processo, pra que você possa saber como foi, quando ficar mais velho (porque eu mesma não lembro nadinha de como foi ganhar uma e depois outra irmã, e a vovó também já esqueceu de quase tudo...), pois acho que esse será um momento decisivo na constituição de sua personalidade. Palpite de mãe.


Beijo grande,

mamãe

segunda-feira, 27 de junho de 2011

1 MÊS DE NUNO! (DA SÉRIE: NOSSA NOVA REALIDADE)

Pois é, Nuno já completou um mês!! Quase um mês e meio, pra ser mais precisa. Um período intenso, de muitas novidades, transformações... ao mesmo tempo em que parece que foi uma eternidade, devido à quantidade de emoções e situações vivenciadas, também passou tãoooo rápido.....


Foi um mês de adaptação total de todos nós, afinal, nossa familinha está tomando uma nova configuração! A transformação mais intensa certamente foi vivida por Caio, que deixou de ser filho único pra virar irmão mais velho, mas eu e Dani também passamos a ser pais de dois e, novamente, de um recém-nascido! Todas as rotinas, os esquemas, os acordos, os horários, as prioridades  construídas arduamente ao longo desses 3 anos como pais precisaram ser revistas (ainda estão sendo!) para nos ajustarmos a essa nova (deliciosa e trabalhosa) realidade familiar.

Nos primeiros quinze dias contamos (novamente) com a ajuda inestimável da minha mãe, a super vovó. Só que dessa vez foi bem diferente de quando ela veio nos ajudar após o nascimento do Caio. Se daquela vez a prioridade era nos apoiar com a casa, a comida, as roupinhas (e cuidar de mim!!), dessa vez a prioridade foi o Caio, nos ajudar a dar atenção a ele, a fazer sua adaptação ser mais suave. Claro que ela também deu uma super força com a comida e a louça (e dá-lhe louça), além de ajudar a dar um trato na casa quando a ajudante não vinha, mas essa não era a prioridade. Outra diferença é que, da primeira vez, ela ficou um mês ou até mais conosco (inclusive porque eu estava em processo de troca de ajudante em casa) e, dessa vez, por já ter uma ajudante "pau-pereira" e por já sermos pais de segunda, quinze dias foram suficientes pra ajudar a reequilibrar a rotina. 

Além da minha mãe, então, contei com nossa ajudante que vem 2 vezes por semana e que também teve que se reorganizar pra nos ajudar na nova rotina, agora com muito mais roupas sujas... No começo, não deu pra ela continuar preparando a comida (e aí entrou a super vovó), mas agora a faxina está um pouco mais geralzona, priorizamos sempre a lavagem das roupas do Nuno e do Caio, e ela vai dando conta do recado. A ideia é nos estruturarmos pra ter a ajuda dela 3 vezes por semana em breve, o que seria bem bom.

Dani ficou uns 10 dias de licença (apesar de ser autônomo), curtindo a chegada do filhote, cozinhando e lavando muita louça, montando seu novo aquário, bebemorando bastante, e se injuriando porque quase ninguém vem visitar nas primeiras semanas (concordo com ele, já até fiz um post mental sobre isso, e se der qualquer hora o transformo em um post real! #blogueiradoida). Dani é pai pra toda obra: primeiros banhos, fraldas com mecônio-graxa-plus, fraldas da madrugada... é tudo com ele. Dessa vez ele se liberou rapidinho das fraldas da madruga (com o Caio a funça foi, em geral, TODA dele) porque Caio tem acordado de madrugada (pois é), e ele vai atender o pequeno. Além disso, ele assumiu o Caio pela manhã, levar e buscar na escola e tals (agora já tenho ido algumas vezes novamente, é uma boa desculpa pra sair de casa um poquito, rá!), além de tooodas as compras pra casa. Mas a gente sempre quer mais, né? Tô sempre no pé dele: faz isso, faz aquilo, você esqueceu isso, você não me dá atenção, vai brincar com seu filho..... (calo de mãe, conhece? chaaaaaaaata...).

 

Caio viveu esse período tão intensamente como nós, ou até mais. Além de ter assistido ao final do parto, ajudado a dar o primeiro banho, enfim, curtido os primeiros momentos do Nuno bem de perto, ele passou todos os primeiros quinze dias após o parto em casa, sem ir pra escolinha. Na verdade,  no meio desse período, foi apenas um dia, pra matar a saudade dos amigos e contar a novidade, mas depois não quis ir e aproveitamos pra curtir muito todos juntos (até porque a vovó estava aqui pra ajudar). Assim que ela foi embora, fomos retomando a rotina do pequeno, que voltou pra escola sem crises (ele estava até com saudade). Antes de ir ele sempre quer ver o irmão, dar beijo, e quando volta, a primeira coisa que ele pergunta é: cadê o Nuninho? Meu menininho se transformou MUITO nesse período, e quero registrar um pouco dessa transformação toda num próximo post.

Depois que minha mãe foi embora, Dani voltou à rotina de trabalho aos poucos, e Caio voltou pra escolinha, eu, muitas vezes, me senti muito sozinha durante o dia, ficando em casa só com o Nuno, na maior friaca (não dava nem pra dar uma saidinha no quintal). A Dani e a Carol falaram disso, e realmente é um período muito solitário (apesar de estarmos com o bebê). Conversamos e Dani se organizou pra trabalhar pelo menos 2 tardes por semana em casa. Foi ótimo. Além disso, com o Nuno um pouco maiorzinho, começamos a sair uns dias pra almoçar, fomos jantar fora um dia, enfim, pude espairecer um pouquinho (conto mais de mim também num próximo post). 

E o Nuno? Ele é bem sossegado. Quem conheceu o Caio pequenininho não acreditava que isso pudesse acontecer (e, pra falar a verdade, nem eu), mas parece que ele vai ser um bebê ainda mais tranquilo que o irmão! Mama super bem e só chora se estiver com fome ou com gases (marditos!). Dorme picadinho de dia, é verdade, mas de madrugada acorda só  uma vez pra mamar (fico cansadona, claro, mas me policio pra não ficar reclamando: mil vezes um bebê acordado de dia que de noite...). Adora dormir numa festinha (eba!), e já fomos a três eventos sociais (rá!): um casamento no campo, uma festa junina numa chácara e o chá de bebê da minha irmã (logo mais serei titia!).  Também  já fomos passear numas pracinhas e até num teatrinho no Sesc acompanhando o irmão. E semana passada fomos pela primeira vez na roda de mães organizada pela nossa parteira. Tá baladeiro esse bebê!!


Essa é uma grande diferença que eu tenho percebido do segundo filho: a vida continua, a rotina com o filho mais velho não pode ser simplesmente congelada, não dá pra entrar de cabeça na "fusão emocional" (Laura Gutman podia escrever mais sobre isso, seria lindo). Mas isso é assunto pra outro post. 

E viva o sling que me permite blogar com o Nuno nanando no aconchego do meu colo!!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O PRIMEIRO COMENTÁRIO MAL-EDUCADO (OU, MISOGINIA, AQUI, NÃO!)


Então chegou o dia do blog receber comentários mal-educados. Sempre vi as pessoas falando sobre isso blogosfera afora, mas ainda não tinha rolado por aqui. Opiniões contrárias, sim, mas sempre respeitosas e produtivas. Mas foi a primeira vez que um comentário descambou um post meu e, pior, esculhambou os comentários alheios.

Enfim, assim é a blogosfera (e a vida) - infelizmente. Mas não é sobre o comentário em si que eu queria falar (até porque prefiro dar crédito pra quem se dispõe a dialogar de forma inteligente), mas sobre a ideia que ele traz. Quem quiser ler o comentário, aqui.

Eu sabia que as ilustrações da Naoli poderiam ferir suscetibilidades. São explícitas, e isso é raro quando se trata de material voltado à crianças (e mesmo aos adultos). Eu confesso que também não gosto tanto das ilustrações, mas  não pelo conteúdo - que acho bárbaro - e sim pelo tipo de desenho, pela estética mesmo. Mas acho muito legal que o livro tenha sido escrito e ilustrado por uma parteira fantástica - Naoli Vinaver - e acho que ele tem esse grande mérito de falar abertamente às crianças, de tratar com naturalidade um assunto  solenemente ignorado na educação infantil.

O que me cutucou no comentário tem a ver com o atual momento, a explicitação do preconceito em torno da amamentação em público, a palhaçada do cqc, enfim, a triste maneira da sociedade em geral encarar o parto, a amamentação, a sexualidade feminina, o corpo da mulher, a mulher em si. Então a visão - ilustrada, vejam bem! - de uma vagina é algo  "sujo, imundo, nojento, asqueroso, muito malfeito, sem um pingo de beleza / aliás, nojentésimo, dá asco ver essa vagina peluda aí / falta de higiene total" ??? Alguém me belisca?

São perspectivas como essa que levam à formação de mulheres e homens desconectados de seus próprios corpos, que levam ao domínio da técnica sobre esses corpos e, tanto pior, à proliferação da misoginia. Discordo completamente da colega (será possível que seja uma mulher, mesmo??), e deixo o debate - desde que educado e sadio - aberto a quem possa interessar.

(Infelizmente não estou com muito tempo para blogar - por motivos óbvios - e fiquei na dúvida se deveria gastar meus preciosos minutos com tal comentário. Maridón inclusive sugeriu deixar passar batido, pois, pelo tom do comentário, poderia virar bate-boca e tals... Mas não aguentei. O blog é meu, e não tinha como deixar passar batido algo que vai contra tudo o que eu acredito. Não vou me aprofundar no assunto - até porque ele esteve bem em pauta nos últimos tempos, em textos excelentes blogosfera afora - mas faço questão de reforçar minha opinião como autora do blog: MISOGINIA, AQUI, NÃO!!!)


quarta-feira, 15 de junho de 2011

AS CRIANÇAS E A TRANSMISSÃO DA CULTURA

Ontem, ao sair para a escola, Caio me pediu: "mamãe, o Nuno pode ir na minha escolinha hoje?" Combinamos que, se tudo desse certo, o irmão iria buscá-lo na escola à tarde.

Me organizei para isso e fui, com Nuno no sling. Nem preciso dizer o sucesso que fizemos com a turminha do Caio, né? A professora nos convidou pra entrar na sala, e todos vieram nos rodear, queriam ver o "nenê", queriam saber se era ele que estava na minha barriga e coisa e tal. Caio amou, ficou todo orgulhoso.

Aí, um dos amiguinhos do Caio, que acompanhou a evolução da minha barriga com curiosidade durante toda a gravidez, tascou a pergunta: "E como ele saiu da sua barriga?" E, enquanto eu tentava pensar rápido pra dar uma resposta minimamente didática (confesso que a pergunta me pegou de surpresa), uma menininha respondeu sem pestanejar: "minha mãe falou que sente uma dor muito grande, daí o médico corta a barriga e tira o nenê". Ui. Aí ficou mais difícil ainda. Me limitei a dizer: "Esse neném não saiu pela barriga, saiu aqui por baixo", a conversa seguiu outros rumos (ufa!) e Caio me chamou para irmos.

Mas depois, fiquei pensando naquilo. Em como a cultura se transmite cotidianamente para as crianças, em casa, na escola, no mundo. Em como questões vão sendo arraigadas desde cedo, podendo, em grande medida, direcionar escolhas (ou a falta delas) no futuro.

Não era meu papel ali falar sobre nenéns, barrigas, nascimentos para as crianças. Tampouco a professora estaria preparada para isso naquele momento. Mas acho que a escola poderia trabalhar esses temas com as crianças, ainda mais tendo em vista que entre 2 e 5 anos, em média, é a idade em que as crianças ganham irmãzinhas (os): porque não abordar isso pedagogicamente?

Na última semana de gravidez, quando estive na escola pra conversar com a psicóloga sobre o Caio, as transformações pelas quais ele estava passando - e as que iriam se iniciar após o nascimento, para contar que teríamos o parto em casa e ele possivelmente assitiria, aproveitei para falar sobre a relação da escola com uma mãe grávida, e com a criança que ganhará um irmão. Isso porque, nas últimas semanas da gravidez (mas com muita antecedência em relação à DPP, em função do tamanho da barriga), toda vez que eu entrava na escola ou saía dela, eram inúmeros os comentários: "nossa, que barrigão", "esse neném não vai nascer, não?", "você aqui, ainda?", "ih, acho que esse neném não quer nascer!" e por aí afora. Além disso, mais para o final, a cada dia que eu não aparecia na escola, todos ficavam achando que o bebê tinha nascido, muitas vezes perguntavam inclusive para o Caio, o que gerava grande ansiedade nele. Sei que a intenção era das melhores, e sempre levei na brincadeira, mas, quando senti que estava impactando o pequeno, resolvi conversar. E, durante a conversa, me ocorreu uma ideia, e todo esse parágrafo enrolado foi pra chegar nela: comentei com a psicóloga que, durante a gravidez, muitas crianças vinham me perguntar sobre a barriga, o que tinha dentro dela (um menininho inclusive me perguntou, seriamente, se tinha uma melancia na minha barriga!! rá!!), e coisa e tal. Vi, por mais de uma vez, as crianças perguntado pras mães porque a barriga delas não estava igual a minha, porque elas não tinham neném na barriga. Ou seja, o assunto despertava a curiosidade das crianças, e estava gerando conversas entre elas e com os pais. A escola não poderia ter aproveitado a ocasião? "Aproveitar" uma mãe grávida pra conversar com as crianças sobre o tema? 

Ela achou que podia ser interessante, mas realmente não tinham pensado no assunto. Mas ficou a dica. Não sei bem como poderia ser abordado, até hoje só vi dois livros que têm uma abordagem didática e ilustrada do assunto para crianças (esse e esse), mas acho que, se encarado com naturalidade e sem tabus, todo assunto pode ser trabalhado com as crianças, de acordo com as idades e os questionamentos de cada fase. 

E vocês, o que acham? Gostaria muito de pensar mais sobre o assunto com vocês!

imagem do livro de Naoli Vinaver linkado acima