domingo, 30 de outubro de 2011

INSPIRAÇÃO

Do alto dos seus três e poucos anos
me observa
e me conhece - talvez - melhor do que eu.
Me quer perto e longe ao mesmo tempo
(colo e asas, difícil equação!)
é carinhoso e ciumento
sabe rir e fazer rir
chora e faz chorar 
(de alegria e de culpa, porque não dizer?)
e me desafia - quase - o tempo todo.
Somos cúmplices de um jeito que nunca imaginei
parecidos em tantas coisas (algumas não tão boas)
e tão diferentes em tantas outras.
Um pedacinho de mim que virou pessoa
que não para de crescer e crescer e crescer
que a cada dia me surpreende e,
se eu me permito,
me ensina a não mais poder.
Me transformou em mãe
me modificou como filha
me melhorou como mulher
me chacoalhou como profissional.
E ainda tem apenas três e poucos anos
e temos tanto tanto tanto pela frente
que chega a doer se tento imaginar.
Melhor viver.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

TORÇAM POR MIM...


Que esta semana será minha verdadeira prova de fogo como mãe de dois: vou ficar a semana inteira sozinha com os pequenos. Será o maior período - desde que Nuno nasceu - sem ajuda de ninguém.

Aconteceu que programamos mal, marido precisou viajar a trabalho, sogrinha também está viajando (sogra pescadora, ói que delícia!), e a mãe da mãe também tinha seus compromissos nessa semana (e viva essa mulherada ativa), ou seja, necas de virem pra cá. 

No começo descabelei, mas depois, nos breves momentos de sanidade que tenho tido (essa fase de preparação pra voltar ao trabalho detona qualquer um, afe), pensei que ia ser bacana encarar essa realidade que, afinal, é a minha realidade: sou mãe de dois e meu marido viaja a trabalho. 

O primeiro dia teve um bom saldo, se descontarmos que Caio resolveu fazer cocô no meio do banho, enquanto eu enxugava Nuno (e eu ainda tinha que coletar o dito cujo do número dois pra exame): mas esteve mais pra cômico que pra trágico, ainda bem.

Vejamos como nos sairemos nos próximos dias, mas uma ajuda virtual é benvinda, pra dar apoio moral. Fiquem na torcida!

é nóis!

sábado, 22 de outubro de 2011

O CORPO FALA

Caio raramente fica doente. Ele tem um pouco de alergia (meu gene ruim) e já teve uma ou outra gripezinha, mas nada sério. Um dos meus orgulhinhos bestas de mãe (alguns dirão que "é sorte", né Dani?) é ele nunca ter tomado nada além de homeopatia e algumas poucas doses de paracetamol. Nossas escolhas (controversas, por certo) em termos de parto, vacinas, medicamentos e cia sempre foram no sentido de fortalecer sua imunidade, e parece que vem dando certo.

Mas, na semana passada, mal eu estava me curando de uma 'virose' (no meu tempo era gripe, mesmo), Caio ficou ruinzinho. Uma molezinha, um corpinho mais quente que o costume, uma vontade a mais de chamego indicaram que algo não estava normal. Depois vieram catarro, tossinhas, falta de apetite, indisposição geral. E uma necessidade/vontade incansável de colinho da mamãe.

E a mamãe, saindo da doença, com várias noites maldormidas em sequência, com papai viajando, estava na casa da vovó, que tentava loucamente se dividir entre duas filhas sem marido com três netos pra ajudar a cuidar... Ou seja, foi o caos. No sábado, despenquei. Não aguentei, chorei, surtei, me senti a pior mãe (e a pior filha) do mundo. Ainda bem que o Dani já tinha voltado de viagem, e voltamos pra nossa casa. Domingo, tudo estava bem melhor, mas Caio ainda ficou em casa, sem ir pra escolinha, na segunda e na terça. E dividimos pais e filhos em dois quartos (eu e Nuno em um, Dani e Caio no outro), pra facilitar as acordanças noturnas.

Foram dias difíceis. Pra falar a verdade, ainda não me recuperei: estou cansada, estafada, com um humor oscilante que está me matando. Mas na segunda, quando fomos na consulta com a pediatra-homeopata dos meninos (de rotina, por sorte agendada nesse momento), tive uma injeção de ânimo: além dela elogiar muito nossas condutas com os meninos, ela ficou perguntando tudo sobre o Caio (fazia um bom tempo que ela não o via). E, ao saber que, além de toda a transformação que ele passou após o nascimento do Nuno, ele também "perdeu" o melhor amigo da escola, que mudou repentinamente de cidade (o post sobre isso ficou no rascunho), ela olhou para mim, satisfeita: "Nossa, Thaís, tendo em vista tudo isso, ele está ótimo. Ele poderia ter tido uma gripe bem mais forte, pois nosso corpo reflete nosso estado emocional. Ele demonstrou que tem uma capacidade de superação incrível, isso que ele teve não foi nada perto do que poderia ter vindo em decorrência dessas mudanças todas." 

Fiquei pensando muito nisso. Em como nosso corpo dialoga com nossa alma, nossas emoções. Em como as crianças podem ser mais ou menos suscetíveis a isso, dependendo da forma como conduzimos (nós, adultos) as situações. Em como podemos nos surpreender com a fortaleza de seres tão pequenos. Ele já está todo faceiro. E eu estou aqui, um verdadeiro bagaço de mãe-mulher-profissional. Mas vamos que vamos. Tenho certeza que ele e Nuno serão capazes de me ajudar a reenergizar nesse final de semana... E que venham dias melhores.


domingo, 9 de outubro de 2011

BEBÊ ZEN


Nuno ri. Desde muito cedo. Pra qualquer um, a qualquer momento. Ri com o rosto todo, com o corpo todo. É um dos seus muitos encantos. Mas, gargalhadinhas são privilégio de poucos, em especial o irmão e o pai. Comigo, tenho que fazer muita micagem pra ganhar uminha ou outra...


Nuno se aventura. Aprendeu a se balançar no bebê conforto, e atinge velocidade impressionante. Deitado, dá impulsos vigorosos com o corpinho para o lado, querendo mudar de posição. E se diverte por um bom tempo nessas suas aventurinhas deliciosas.

Nuno me olha. O tempo todo. Onde quer que eu esteja, seus olhos me procuram. Dois olhões apaixonados, sorridentes, que me derretem, me inundam de amor.

Nuno brinca. Com as mãos, com os pés, e com sua mais nova descoberta, a água. Ainda não se interessa muito por brinquedos, que apenas acompanha com os olhos, ou tenta tocar timidamente. Mas seu corpinho dá voltas em torno de si mesmo, deslumbrado com o mundo.

Nuno dorme. Dificilmente briga com o sono. Se está cansado, emite sinais claros disso, pedindo ajuda pra dormir. Mas, por vezes, chega a dormir sozinho, desafiando nossa incredulidade.


Nuno chora. Em geral um choro manso, que pega no tranco devagar. Se chora forte, ardido (e chora também, claro), é que algo incomoda pra valer: sabe se fazer notar em meio à sua tranquilidade típica.

Nuno é vidrado no irmão. Sorri e se agita todo só de ouvir a voz de Caio. Quando o vê, então, é puro maravilhamento, mãos e pernas dançam freneticamente, o olhar fica hipnotizado.


Nuno quer conversar. Emite sons em entonações variadas, como quem proseia animado. E se a gente entra no papo, aí é que solta a língua a valer.

Nuno canta. Se está com sono, ao ser embalado, canta. Como que ninando-se a si mesmo, acompanhando meu ninar.

Nuno é companheirão. De ficar em casa ou zanzar por aí comigo, de ir pro trabalho com o pai, de brincar e dormir com o Caio, de passear e viajar com a família. Com ele, dificilmente tem tempo ruim.

Nuno é zen. Gente boa mesmo. Um bebê que nem nos meus maiores sonhos eu poderia imaginar.


[ Sei que, em se tratando de bebês e crianças, tudo pode mudar, sempre. Mas agradeço todos os dias por esse bebê incrível ter me dado a honra de ser sua mãe, e desejo imensamente ser uma mãe à sua altura. E, por via das dúvidas, nunca é demais pedir proteção... "guiai os meus passos, e por onde eu caminhar, tira os olhos grandes de cima de mim pra's ondas do mar..." ]


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

MÃE X PROFISSIONAL: SERÁ?


Hoje cedo, ouvi de uma pessoa muito querida algo assim:

"Você precisa decidir se quer ser uma boa mãe, ou quer ser uma boa profissional. As duas coisas não tem jeito. Você pode até optar pelas duas, mas vai ser tudo meia boca: mãe meia boca e profissional meia boca."

Será? Eu acho que não é bem assim, mas não vou falar disso agora. Quero ouvir opiniões, o que pensam disso?