sábado, 20 de novembro de 2010

TRAVESSURA E POESIA NO COTIDIANO


Duas historinhas de felicidade simples desta semana...

A TRAVESSURA


Fomos ao shopping, eu e Caio, comprar um presente pro papai. Coisa rara, raríssima, esse tipo de passeio aqui em casa. Combinei que iríamos comer, comprar o presente e só depois brincar nos carrinhos daquela infernal "brinquedolândia" ou sei lá qual o nome. Caio foi um fofo, apesar do primeiro impulso de disparar correndo em direção aos carrinhos, se comportou super bem, comeu, esperou pacientemente eu escolher o presente. Passou reto pelo papai noel: ele tem medo do velhinho e ponto, não há balinha que o convença (thanks god). E, finalmente, chegamos ao parquinho high tech.

Das outras poucas vezes que estivemos lá, ele sentava nos carrinhos e ficava se divertindo com a direção, eu não gastava um tostão. Numa última vez, com o pai, ele quis ir em um brinquedo que precisava pagar, mas estávamos de passagem, e o dissuadimos. Então, nesse dia, resolvi liberar: adquiri um cartão e coloquei créditos suficientes para 3 brinquedos (moderna a coisa, nem acreditei!).

Primeiro ele quis ir numa espécie de carrossel de carrinhos. Foi, curtiu, deu tchauzinho e logo ficou com medinho: o negócio girava muito rápido! Resmungou, a menina parou o brinquedo e, muito gentil, disse que ele poderia ir em outro sem pagar, me mostrou a piscina de bolinhas (que eu nem sabia que tinha). Caio não quis ir, preferiu o pula-pula, mas desde que eu entrasse com ele. Fiquei sentada numa plataforma ao lado da camona elástica, enquanto ele ia perdendo o medo de pular. Ele gostou tanto que quis ficar por três sessões, o que equivaleria a todo o crédito que nós tínhamos. Mas outra mocinha, também muito gentil, me cobrou apenas duas, dada a alegria do moleque.

Demos uma passadinha no bibi que ele tanto curte (e que é de graça) e consegui tirá-lo daquele espaço de fazer doidinhos. Parei numa vitrine para dar uma olhada, e ele descobriu, nos fundos da tal brinquedolândia, a piscina de bolinhas, e quis porque quis voltar. Pois voltamos, com a condição de que em seguida iríamos embora. Afinal, eu ainda tinha um crédito.

Quando fui tirar o sapato dele, a mocinha falou: pode entrar para colocar ele na piscina, você fica ali do lado. Maravilha, já que o Caio não gosta muito de ficar brincando sozinho e eu poderia ficar do lado de fora interagindo com ele. Mas, uma vez lá dentro, ele começou: "vem tá, mamãe, enta ati!, vem bintá tomigo!" E eu: "a mamãe não pode filho, sou muito grandona". Ele já tinha até se convencido, quando a mocinha falou: "Pode entrar com ele!"

Não acreditei: "Posso???" Ela confirmou. Não tive dúvidas, tirei o sapato e mergulhei, barrigão e tudo, na piscina de bolinhas!! Gente, era um sonho antigo, pensei que nunca ia realizar!!! Rá!! Caio quase pirou, né, brincar na piscina de bolinhas com a mamãe? Bom demais pra ser verdade! Ficamos um bom tempo ali nos esbaldando, mergulhando, nos jogando pra trás, jogando bolinhas pra cima, pura terapia anti-stress!!! Saí de lá livre-leve-solta, feliz da vida, e o filhote também. Uma bela compensação por aturar aquela barulheira eletrônica toda. E uma travessura pra ficar na memória.


POESIA



Caio entrou numa fase muito muito legal: agora que já domina suficientemente bem os códigos da linguagem falada, começou a articular idéias, criar histórias, inventar mundos. Está apenas começando, mas é maravilhoso, eu me encanto a cada dia. Como ontem, na pracinha onde fomos após a escolinha. Estávamos andando em direção à banca de revistas, de mãos dadas, quando ele me solta essa:

- Mamãe, olha, eu tô no mai!

E a mamãe, com toda sua adultice, não entendeu de cara: - No mar, filho???

- É, mamãe, no mai! Eu tô pulando a ondinhas!!!

Aí caiu minha ficha: a calçada era "estilo copacabana", grandes ondas de mosaico português. Caí na gargalhada, entrei na brincadeira com ele, e imaginei que Burle Marx ficaria orgulhoso do meu filhote. Mas não mais que eu. Rá!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

NOVO VISUAL

Finalmente consegui me livrar daquelas bolinhas, gente! Não aguentava mais aquela cara do blog, mas não tinha muito ânimo (nem noção) pra mudar, até que..... a super Fla, a mais nova web designer intercontinental, se propôs a me ajudar e, voila! O blog ficou essa belezura, com cara de novinho em folha.

Eu adorei a mudança, já agradei muito à criadora, mas nunca é demais repetir: Fla, SUPER OBRIGADA, você foi incrível!

Ela reinseriu alguns links de blogs que eu tinha perdido há séculos atrás e que não tinha criado vergonha na cara de reinserir, e, aos poucos, prometo, vou acabar de linkar os blogs todos que acompanho e que de alguma forma estão conectados com este aqui.Agora definitivamente com internet em casa, espero também voltar a postar com mais regularidade, pra fazer jus ao novo visual tão carinhosamente criado pela Flávia.

Então é isso, novo visual, novo ânimo pro blog. Espero que gostem!

[em tempo: enquanto ia finalizando esse mini post, me dei conta que o blog fez DOIS anos na semana passada!! nada melhor que mudar de ares pra comemorar!! que presentão, hein, flá!]

[e, pra finalizar, uma propagandinha básica (não consegui resistir, Fla): quem quiser ver um trabalho bacana de webdesigner da Flávia que já está pronto, passa aqui. A moça leva jeito.]

terça-feira, 2 de novembro de 2010

AOS PAIS SEM NOÇÃO





Talvez vocês se assustem com o título e as imagens do post, mas é isso mesmo: hoje escrevo indignada com a falta de noção de alguns pais.

Fui ao cinema, neste fim de semana, assistir Tropa de Elite 2. O filme é bom, talvez ainda um pouco pesado pra uma grávida com emoções à flor da pele, como eu, mas não tem como não ser, ao tratar da complexa relação entre pobreza, violência e poder. Eu gostei.


Não vou dizer que foi fácil assistir ao filme, uma vez que, além de estar grávida, sou idealista, e trabalho justamente com pobreza e espaço urbano, ou seja, favelas, periferias e tudo o mais que elas representam (ou que nelas se estigmatizam). É sufocante assistir ao filme e ter a nítida sensação de que a solução está muito distante, se é que ela existe. Mas o pior não foi isso.


O pior foi assistir a todo o filme sabendo que, algumas fileiras à frente, uma criança bastante pequena também assistia a tudo aquilo. Isso sim foi uma tortura, durante toda a sessão. Meu marido viu a criança logo que chegamos, e comentou: "nossa, é uma criança ali, não é? Será que pode?" A criança estava acompanhada por três adultos. Fui me levantar para questionar os responsáveis pelo cinema, mas as luzes apagaram, e eu desisti.

A cada cena de violência, a cada tiro, a cada morte, eu procurava instintivamente a criança no escuro. A sensação angustiante do filme se multiplicava ao imaginar o que aquelas imagens estariam causando na cabeça - e nas emoções - daquele garotinho. Maridão tentava me consolar dizendo "pára de pensar nisso, Thaís, vai ver o menino até dormiu...". Pois é, porque além de tudo, a sessão era tarde, e o filme terminou mais de 10 da noite.

Mas não, o menino não tinha dormido. O filme acabou, e ele foi saindo de mãos dadas com o avô (imagino eu), seguidos da avó e do pai. Cruzei com eles na saída e não me contive: "Quantos anos ele tem?", ao que o avô respondeu, suposamente envergonhado: "3 anos... nem fala nada moça, já tô arrependido de ter trazido". Mas eu falo sim: "nossa, 3 anos! absurdo, né, porque esse filme é muito pesado! não é pra criança!" E ele, fugindo: "ai, nem fala, nem fala...".


Saí da sala e fui direto às responsáveis: "Vocês viram que tinha uma criança de 3 anos assistindo a este filme?" Elas, com caras de sonsa (e um pouco estupefatas pela minha reação), responderam: "A gente não pode fazer nada, ela tava acompanhada...". E eu, hormônios gravídicos a todo vapor: "Mas como assim, não tem censura de idade? Qual a classificação desse filme?" Elas: "Não tem censura, senhora, só classificação indicativa, que é de 16 anos para pessoas desacompanhadas. No caso, se estiver acompanhado dos pais ou responsáveis, não podemos barrar". Fiquei INDIGNADA, falei meia dúzia de impropérios pras moças e disse que queria um telefone de ouvidoria, para fazer uma reclamação formal. Elas, passadas, me deram um endereço de homepage, que seria o canal para o contato.


Dali, fui para o banheiro (aguentar um filme todo sem ir ao banheiro é tarefa ingrata para uma grávida) e lá desabei a chorar. Não somente pelo árduo do filme, mas por pensar naquela criança, e em tantas outras, VÍTIMAS DE PAIS E AVÓS SEM NOÇÃO. Porque, verdade seja dita, só adultos muito sem noção para levar uma criança para assistir um filme como esse, sem imaginar as consequências que isso pode ter. Eu mesma tive vários pesadelos aquela noite, que dirá essa criança.


E o pior é que isso vem se tornando corriqueiro. Não é difícil imaginar que, talvez, esse menino já tenha contato com violência significativa através de desenhos animados e jogos de videogame (outro absurdo, ao meu ver, tratado com naturalidade por PAIS SEM NOÇÃO: crianças pequenas, de 2 ou 3 anos, jogando videogame como se fosse a coisa mais inofensiva do universo).
Depois, ouvimos notícias de bullying, agressões gratuitas entre os jovens, violências físicas e simbólicas entre crianças cada vez menores, e a culpa vai para a escola, o professor, a TV, a propaganda. Mas não, a culpa é dos pais sem noção. Que são cada vez mais frequentes por aí, infelizmente.

[desculpem o tom agressivo do post, mas é mesmo um desabafo. e também uma tentativa de estabelecermos um diálogo franco sobre essas posturas que eu considero absurdas, concordem vocês ou não comigo]