segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

SANGUENOZÓIO: NÃO AO REAJUSTE SALARIAL DOS PARLAMENTARES


Eu confesso. Quando vi o post da Mari nos convocando ao "Movimento Sanguenozóio" tive três reações contraditórias: achei legal, levando em conta o poder que já percebemos que temos através dessa blogosfera; achei inútil, numa postura meio desconfiada desse mesmo poder; fiquei com preguiça, numa postura totalmente acomodada, pensando que eu não teria tempo nesse fim de ano pra fazer nada sobre o assunto, e que também, mesmo que fizesse, não adiantaria nada.

Só que isso ficou me cutucando. Fui lendo outros posts aqui, ali e acolá, e pensei que tinha que me manifestar, por mim, pelo meu filho, pelas coisas em que acredito. Fui lá e assinei o abaixo-assinado. Mas ainda não me assosseguei.

Então recebi um email da Erundina. É, ela mesma: não sei porque raios recebo os informativos dela, mas quase sempre leio, e muitas vezes são bem interessantes. Atualmente não voto nela, mas já votei, e admiro muito seu histórico de atuação política. Nesse episódio, além de votar NÃO e repudiar publicamente o reajuste, ela teve uma atitude politicamente muito diferenciada: destacou o fato de que apenas o PSOL (que NÃO é o partido dela, vejam bem), enquanto partido, se posicionou contra a matéria, orientando TODOS os seus parlamentares a votarem CONTRA. Atitude raríssima - a dela e a do partido - em tempos de coligações espúrias e politicagens em causa própria.

Daí que hoje, em um ataque de insônia gravídico - assunto para outro post -, o sanguenozóio veio com força total. E aderi ao movimento das cumpanhêra.

Não estou muito inspirada, e tampouco terei muito tempo para importunar os parlamentares. Mas, além de redigir essas mal-traçadas linhas, fiz um emailzinho que vou encaminhar para os parlamentares do Sim.

"Senhor parlamentar,

como mãe, profissional autônoma, estudante de doutorado e, acima de tudo, cidadã que atua cotidianamente, em todas essas frentes, tanto na esfera privada quanto na pública, em busca de um mundo e de um país melhor, venho por meio deste manifestar minha indignação frente ao absurdo processo de aprovação de reajuste dos salários dos parlamentares, conduzido por vocês à revelia de todo um país. Essa manobra política, efetivada às pressas em meio ao clima "jingle bells" que predomina no país, está sendo repudiada por milhares de brasileiros e enfureceu também a nós, mulheres que batalhamos por uma maternidade ativa e desejamos que nossos filhos vivam em um mundo melhor, onde exemplos como esses dos senhores, de legislar em causa própria, sejam cada vez mais raros.
Imaginem só vocês, se todos aqueles profissionais merecedores de aumento, resolvessem agir como os senhores? Professores da rede pública, por exemplo, como propôs o senador Cristovam Buarque? Ou, quem sabe, todos os trabalhadores do país, cujos salários se guiam pelo mísero salário mínimo? O senhor já parou pra pensar como deve ser duro tocar a vida com um salário de R$ 510,00? Pois é, esses sim precisam de reajuste. Já parou pra pensar também naqueles que não têm salário, não têm emprego, não têm casa para morar, não têm assistência médica decente, não têm sequer comida? Será que todo esse dinheiro que vocês estão se declarando merecedores de receber, para além de tudo o que já recebem, não deveria ser investido em outras situações emergenciais, em direitos básicos dos quais muitos cidadãos estão privados, esses sim merecedores de aprovações de última hora?
Então, é isso: estamos de olho e fazendo pressão. Os "parlamentares do sim", como vocês já são conhecidos em todo país, estão na mira de manifestações nos mais diferentes setores. Assim como o meu caso, outras mães estão se manifestando em seus blogs, e a caixa de emails de vocês vai ficar lotada. Estamos aguardamos um posicionamento público dos senhores sobre essa barbaridade toda.

Atenciosamente,

Thaís Rosa"


Já postaram sobre o "movimento": Mari, Kah, Natália, Dani, Carol, Anne, Roberta e Renatinha.

Para assinar ao abaixo-assinado: AQUI.

Para se manifestar junto aos parlamentares: AQUI.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

DICA PRA QUEM É DE SAMPA: 'ESCOLINHA'


Desde que li esse texto da Ombudsmãe Taís Vinha, já me peguei pensando várias vezes sobre a escola que desejo para o Caio. Na verdade, mesmo antes de ter filho esse era um assunto que me despertava grande interesse, e por conta disso conheci o livro "A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir", de Rubem Alves, em que ele nos apresenta a Escola da Ponte, de Portugal. Esse livro me fascinou, me tocou profundamente, me transformou a tal ponto que eu queria comprar um estoque e sair distribuindo por aí, para que as pessoas sentissem o mesmo transbordamento: eu também sempre havia sonhado com aquela escola!

Até que um dia eu virei mãe e, quando meu filhote estava para completar um ano, decidimos que ele passaria as manhãs em um espaço fantástico onde alguns filhos de amigos já conviviam. Já falei rapidamente sobre esse período aqui, mas ainda me devo um post pra não esquecer nunquinha desse tempo bom que o Caio curtiu na Fazenda Jatobá, no "Cantinho da Criança Feliz", convivendo, crescendo e se divertindo com outras 6 crianças entre 10 meses e 5 anos, em meio à natureza. Foi realmente uma grande sorte encontrar esse espaço aqui em São Carlos e, infelizmente, as atividades do Cantinho se encerraram no fim do ano passado.

De todo modo, o Caio já iria sair de lá, porque eu tinha entrado no doutorado e conseguiria uma vaga na escolinha da universidade, o que aliviaria muito nosso bolso. Mas, independente da questão financeira, eu não colocaria o Caio lá se a escola realmente não me conquistasse. E ela me conquistou, segue me conquistando, e qualquer dia eu escrevo sobre isso aqui.

Mas o fato é que, apesar de estar no interiorrrr, nossa cidade oferece opções muito boas (são pelo menos 3 escolas infantis bastante diferenciadas), que me deixam muito tranquila em relação àquela pergunta da blogueira xará que tanto me cutucou, pelo menos por enquanto, até o Caio completar 6 anos.

Digo isso porque imaginava que pra quem mora em uma cidade maior, São Paulo, por exemplo, as opções de escolas mais próximas àquilo com que sempre sonhamos seriam inúmeras, mas... conversando com amigos e parentes, percebi que não é bem assim. Então, resolvi deixar uma dica aqui procês, da cidade grande: o Espaço Educacional Arte de Ser.



A proposta me chamou muito a atenção, por propôr o "desenvolvimento integral" de crianças de 2 a 5 anos, estimular vivências criativas, focar-se não apenas em atividades racionais, mas também, e principalmente, naquelas mais intuitivas, que aguçam a sensibilidade dos pequenos, tais como Hatha Yoga, música, meditação, brincadeiras de roda e poesia, artes com elementos naturais, jardinagem, horticultura e ikebana. Todo o trabalho é inspirado nos fundamentos da Yoga.

Eu não conheci pessoalmente o espaço, mas tomei contato com a proposta através de uma prima querida que está envolvida no projeto, e ele me ganhou. Por isso compartilho aqui com vocês. O Espaço está com matrículas abertas (contatos e endereço aqui) e, de repente, pode ser que algum de vocês encontre lá o que está procurando... Foi o que aconteceu com os pais do Cauã, que fizeram esse relato abaixo quando o pequeno apenas iniciava suas experiências na Arte de Ser.


Uma Escolinha Especial (A História de Cauã)

Estávamos no período de adaptação. Aquela coisa de conhecer o ambiente, as outras crianças, as tias. Tudo novidade.
Cauã foi pra dentro e voltou um monte de vezes dizendo que - “só um minutim, tia Cris, porque esqueci de falar uma coisinha pra mamãe”. -“Vai com Deus, mamãe!”. E ia e voltava de novo. Enquanto esse ritual de despedida rolava infinitamente, tia Léia passou na minha frente, seguida pelos maiorzinhos (leia-se quatro a seis anos). Iam fazer um passeio na pracinha em frente. -“Quem vai levar a sacolinha pra mim?” Era uma sacola vazia, dessas de supermercado. Logo, veio à minha mente a idéia de que iriam recolher materiais jogados na praça, como a gente costuma fazer nos mutirões ecológicos na praia. Fui logo pensando: “hum... consciência ecológica! Bom...”
Curiosa que estava com aquela procissão de crianças fofinhas, espreitei pela janela, pra ver como sairiam pelo portão da frente. Com aquela calma legitimamente mineira - ela é de Minas, tinha que ser, né? - tia Léia perguntava: - “Quem vai dar a mão pra quem?” E as meninas se deram as mãos e os meninos se deram as mãos (rsrsrs). Estabelecidos os clubes, -“Nem preciso dizer como vamos fazer para atravessar a rua, né?” - “É!!!” – “Nem preciso dizer como é que nós vamos nos comportar na praça, né?” – “É!!!”. E lá se foram, bem bonitinhos.
Lá vem Cauã de novo, acompanhado da tia Cris. - “A mamãe já vai!” - “Ah.... não quero.” Tia Cris propôs uma brincadeira de Lobo. Ele ainda estava pra decidir se ia lá pra dentro brincar de lobo, quando o portão se abre e lá vem de volta a procissão. – “Ó, Cauã! Venha ver os feijões que nós apanhamos pra comermos na nossa salada!”, disse a tia Léia. Pra minha surpresa, lá estava a sacolinha de supermercado completamente abarrotada, não de lixo plástico, mas de feijões, naquele formato de vagem. Pronto! Uma magia se estabeleceu. Cauã foi metendo a mãozinha lá dentro. O rosto iluminado, - “Ó, mamãe! O feijão!!” E lá se foi com tia Léia e sua procissão, sem titubiar. –“Tchau, mamãe!”
Gente! Tia Léia e as crianças cataram os feijões em alguma trepadeira lá da praça!
Quando voltei pra buscar Cauã, a grande notícia é que ele havia passado horas retirando os feijõezinhos da vagem e acompanhado o ritual de cozinhar. E depois, claro, devorou um bocado na tal salada, que a tia Léia havia comentado.
Semblante iluminado, lá fomos nós "pra casinha", com aquela sensação de ter estado, não em uma escola, mas em uma casa de avó, numa dessas cidades aí do interior de Minas. Ah! E diga-se de passagem, a cozinha fica instalada logo ali no quintal.
Lá é assim. Não por acaso, esse lugar super especial que encontramos, graças à Rita, prima do Renato, se chama “A Arte de Ser”. Não é demais????
Beijos de mãe e pai muito emocionados com a escolinha que encontraram pra Cauã ser bem feliz.

domingo, 5 de dezembro de 2010

XÔ MAU HUMOR!



Hoje eu tive que trabalhar, depois de ter curtido um dia delicioso e intenso com o filhote ontem. Daí, que pouco antes do almoço, uma banalidade profissional me irritou, e fiquei mau-humorada, mas não percebi de cara.

Tínhamos combinado uma pausa no almoço, em que eu, Dani e Caio iríamos almoçar na praça, em meio a um super festival de chorinho que acontece todo ano aqui em São Carlos. Quando desci para sairmos, percebi o mau-humor me cutucando, e me irritei: mau-humor profissional no domingo em família não combina, mas não estava conseguindo controlar.

Até que olhei pra coisa fofa do meu filhote. E ele fez alguma brincadeirinha ainda mais fofa comigo. E aí pedi um abraço forte, e ele veio, me abraçou e me encheu de beijo. E fomos pra praça, e eu fiquei admirando meu pequeno curtindo aquele som maravilhoso como se não houvesse amanhã. E meu dia mudou de cor.

Pois é, coisas da maternidade. Antes, pra dissipar um mau-humor profissional, nada como um happy-hour, uma cervejinha, um beijo na boca. Agora, nada como um sorriso maroto, um abraço apertado e umas traquinagens de um molequinho. E viva a delícia das fases! (e que bom que sempre e sempre e sempre haverá pequenos gestos para nos livrar dos maus-humores...)

Que venham os árduos últimos dias de trabalho do ano.......... munição de beijinhos e abracinhos não me faltará.

sábado, 20 de novembro de 2010

TRAVESSURA E POESIA NO COTIDIANO


Duas historinhas de felicidade simples desta semana...

A TRAVESSURA


Fomos ao shopping, eu e Caio, comprar um presente pro papai. Coisa rara, raríssima, esse tipo de passeio aqui em casa. Combinei que iríamos comer, comprar o presente e só depois brincar nos carrinhos daquela infernal "brinquedolândia" ou sei lá qual o nome. Caio foi um fofo, apesar do primeiro impulso de disparar correndo em direção aos carrinhos, se comportou super bem, comeu, esperou pacientemente eu escolher o presente. Passou reto pelo papai noel: ele tem medo do velhinho e ponto, não há balinha que o convença (thanks god). E, finalmente, chegamos ao parquinho high tech.

Das outras poucas vezes que estivemos lá, ele sentava nos carrinhos e ficava se divertindo com a direção, eu não gastava um tostão. Numa última vez, com o pai, ele quis ir em um brinquedo que precisava pagar, mas estávamos de passagem, e o dissuadimos. Então, nesse dia, resolvi liberar: adquiri um cartão e coloquei créditos suficientes para 3 brinquedos (moderna a coisa, nem acreditei!).

Primeiro ele quis ir numa espécie de carrossel de carrinhos. Foi, curtiu, deu tchauzinho e logo ficou com medinho: o negócio girava muito rápido! Resmungou, a menina parou o brinquedo e, muito gentil, disse que ele poderia ir em outro sem pagar, me mostrou a piscina de bolinhas (que eu nem sabia que tinha). Caio não quis ir, preferiu o pula-pula, mas desde que eu entrasse com ele. Fiquei sentada numa plataforma ao lado da camona elástica, enquanto ele ia perdendo o medo de pular. Ele gostou tanto que quis ficar por três sessões, o que equivaleria a todo o crédito que nós tínhamos. Mas outra mocinha, também muito gentil, me cobrou apenas duas, dada a alegria do moleque.

Demos uma passadinha no bibi que ele tanto curte (e que é de graça) e consegui tirá-lo daquele espaço de fazer doidinhos. Parei numa vitrine para dar uma olhada, e ele descobriu, nos fundos da tal brinquedolândia, a piscina de bolinhas, e quis porque quis voltar. Pois voltamos, com a condição de que em seguida iríamos embora. Afinal, eu ainda tinha um crédito.

Quando fui tirar o sapato dele, a mocinha falou: pode entrar para colocar ele na piscina, você fica ali do lado. Maravilha, já que o Caio não gosta muito de ficar brincando sozinho e eu poderia ficar do lado de fora interagindo com ele. Mas, uma vez lá dentro, ele começou: "vem tá, mamãe, enta ati!, vem bintá tomigo!" E eu: "a mamãe não pode filho, sou muito grandona". Ele já tinha até se convencido, quando a mocinha falou: "Pode entrar com ele!"

Não acreditei: "Posso???" Ela confirmou. Não tive dúvidas, tirei o sapato e mergulhei, barrigão e tudo, na piscina de bolinhas!! Gente, era um sonho antigo, pensei que nunca ia realizar!!! Rá!! Caio quase pirou, né, brincar na piscina de bolinhas com a mamãe? Bom demais pra ser verdade! Ficamos um bom tempo ali nos esbaldando, mergulhando, nos jogando pra trás, jogando bolinhas pra cima, pura terapia anti-stress!!! Saí de lá livre-leve-solta, feliz da vida, e o filhote também. Uma bela compensação por aturar aquela barulheira eletrônica toda. E uma travessura pra ficar na memória.


POESIA



Caio entrou numa fase muito muito legal: agora que já domina suficientemente bem os códigos da linguagem falada, começou a articular idéias, criar histórias, inventar mundos. Está apenas começando, mas é maravilhoso, eu me encanto a cada dia. Como ontem, na pracinha onde fomos após a escolinha. Estávamos andando em direção à banca de revistas, de mãos dadas, quando ele me solta essa:

- Mamãe, olha, eu tô no mai!

E a mamãe, com toda sua adultice, não entendeu de cara: - No mar, filho???

- É, mamãe, no mai! Eu tô pulando a ondinhas!!!

Aí caiu minha ficha: a calçada era "estilo copacabana", grandes ondas de mosaico português. Caí na gargalhada, entrei na brincadeira com ele, e imaginei que Burle Marx ficaria orgulhoso do meu filhote. Mas não mais que eu. Rá!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

NOVO VISUAL

Finalmente consegui me livrar daquelas bolinhas, gente! Não aguentava mais aquela cara do blog, mas não tinha muito ânimo (nem noção) pra mudar, até que..... a super Fla, a mais nova web designer intercontinental, se propôs a me ajudar e, voila! O blog ficou essa belezura, com cara de novinho em folha.

Eu adorei a mudança, já agradei muito à criadora, mas nunca é demais repetir: Fla, SUPER OBRIGADA, você foi incrível!

Ela reinseriu alguns links de blogs que eu tinha perdido há séculos atrás e que não tinha criado vergonha na cara de reinserir, e, aos poucos, prometo, vou acabar de linkar os blogs todos que acompanho e que de alguma forma estão conectados com este aqui.Agora definitivamente com internet em casa, espero também voltar a postar com mais regularidade, pra fazer jus ao novo visual tão carinhosamente criado pela Flávia.

Então é isso, novo visual, novo ânimo pro blog. Espero que gostem!

[em tempo: enquanto ia finalizando esse mini post, me dei conta que o blog fez DOIS anos na semana passada!! nada melhor que mudar de ares pra comemorar!! que presentão, hein, flá!]

[e, pra finalizar, uma propagandinha básica (não consegui resistir, Fla): quem quiser ver um trabalho bacana de webdesigner da Flávia que já está pronto, passa aqui. A moça leva jeito.]

terça-feira, 2 de novembro de 2010

AOS PAIS SEM NOÇÃO





Talvez vocês se assustem com o título e as imagens do post, mas é isso mesmo: hoje escrevo indignada com a falta de noção de alguns pais.

Fui ao cinema, neste fim de semana, assistir Tropa de Elite 2. O filme é bom, talvez ainda um pouco pesado pra uma grávida com emoções à flor da pele, como eu, mas não tem como não ser, ao tratar da complexa relação entre pobreza, violência e poder. Eu gostei.


Não vou dizer que foi fácil assistir ao filme, uma vez que, além de estar grávida, sou idealista, e trabalho justamente com pobreza e espaço urbano, ou seja, favelas, periferias e tudo o mais que elas representam (ou que nelas se estigmatizam). É sufocante assistir ao filme e ter a nítida sensação de que a solução está muito distante, se é que ela existe. Mas o pior não foi isso.


O pior foi assistir a todo o filme sabendo que, algumas fileiras à frente, uma criança bastante pequena também assistia a tudo aquilo. Isso sim foi uma tortura, durante toda a sessão. Meu marido viu a criança logo que chegamos, e comentou: "nossa, é uma criança ali, não é? Será que pode?" A criança estava acompanhada por três adultos. Fui me levantar para questionar os responsáveis pelo cinema, mas as luzes apagaram, e eu desisti.

A cada cena de violência, a cada tiro, a cada morte, eu procurava instintivamente a criança no escuro. A sensação angustiante do filme se multiplicava ao imaginar o que aquelas imagens estariam causando na cabeça - e nas emoções - daquele garotinho. Maridão tentava me consolar dizendo "pára de pensar nisso, Thaís, vai ver o menino até dormiu...". Pois é, porque além de tudo, a sessão era tarde, e o filme terminou mais de 10 da noite.

Mas não, o menino não tinha dormido. O filme acabou, e ele foi saindo de mãos dadas com o avô (imagino eu), seguidos da avó e do pai. Cruzei com eles na saída e não me contive: "Quantos anos ele tem?", ao que o avô respondeu, suposamente envergonhado: "3 anos... nem fala nada moça, já tô arrependido de ter trazido". Mas eu falo sim: "nossa, 3 anos! absurdo, né, porque esse filme é muito pesado! não é pra criança!" E ele, fugindo: "ai, nem fala, nem fala...".


Saí da sala e fui direto às responsáveis: "Vocês viram que tinha uma criança de 3 anos assistindo a este filme?" Elas, com caras de sonsa (e um pouco estupefatas pela minha reação), responderam: "A gente não pode fazer nada, ela tava acompanhada...". E eu, hormônios gravídicos a todo vapor: "Mas como assim, não tem censura de idade? Qual a classificação desse filme?" Elas: "Não tem censura, senhora, só classificação indicativa, que é de 16 anos para pessoas desacompanhadas. No caso, se estiver acompanhado dos pais ou responsáveis, não podemos barrar". Fiquei INDIGNADA, falei meia dúzia de impropérios pras moças e disse que queria um telefone de ouvidoria, para fazer uma reclamação formal. Elas, passadas, me deram um endereço de homepage, que seria o canal para o contato.


Dali, fui para o banheiro (aguentar um filme todo sem ir ao banheiro é tarefa ingrata para uma grávida) e lá desabei a chorar. Não somente pelo árduo do filme, mas por pensar naquela criança, e em tantas outras, VÍTIMAS DE PAIS E AVÓS SEM NOÇÃO. Porque, verdade seja dita, só adultos muito sem noção para levar uma criança para assistir um filme como esse, sem imaginar as consequências que isso pode ter. Eu mesma tive vários pesadelos aquela noite, que dirá essa criança.


E o pior é que isso vem se tornando corriqueiro. Não é difícil imaginar que, talvez, esse menino já tenha contato com violência significativa através de desenhos animados e jogos de videogame (outro absurdo, ao meu ver, tratado com naturalidade por PAIS SEM NOÇÃO: crianças pequenas, de 2 ou 3 anos, jogando videogame como se fosse a coisa mais inofensiva do universo).
Depois, ouvimos notícias de bullying, agressões gratuitas entre os jovens, violências físicas e simbólicas entre crianças cada vez menores, e a culpa vai para a escola, o professor, a TV, a propaganda. Mas não, a culpa é dos pais sem noção. Que são cada vez mais frequentes por aí, infelizmente.

[desculpem o tom agressivo do post, mas é mesmo um desabafo. e também uma tentativa de estabelecermos um diálogo franco sobre essas posturas que eu considero absurdas, concordem vocês ou não comigo]

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

DA SÉRIE: A BARRIGA

Hoje começou uma nova ajudante aqui em casa (alô, guiness, vou bater o recorde). E ela é conversadeira na medida, gostei. Então ela perguntou:

- de quantos meses você tá grávida, mesmo?

- acho que tô de uns dois.

- nossa, e a barriga já tá grande, né? (sinceridade é tudo, gente)

- é... (risos) ela já tava grande antes... (eu tava de bom humor, nem me abalei)

- ah, é?

- mas acho que já tô entrando no terceiro. (ah, tá, agora tá explicado.)

Pelo menos de gorducha passei a grávida. Mas acho que vou começar a mentir sobre o tempo de gestação, pelo menos até entrar no quarto ou quinto mês. E ai de quem me desmentir.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

PISTAS

Sono, muito sono. E fora de hora.

Fome, muita fome. E fora de hora.

Olfato superpoderoso, sentindo qualquer cheiro a kilômetros de distância.

Humor absolutamente instável, sujeito a chuvas e trovoadas.

Chororô incontrolável, qualquer beijo de novela ou propaganda de margarina me faz chorar.

Xixis constantes, principalmente no meio da noite.

Peito inchando e ficando doidinho.

Um leve enjôo, e uma baita azia.

Maridão enlouquecido, sem saber o que fazer.

Filhote dengoso, pressentindo algo no ar.



Ficou fácil, né: ESTOU GRÁVIDA DE NOVO!!!


Estou feliz, MUITO FELIZ, mas a ficha ainda não caiu direito. A idéia era engravidar até o fim do ano, mas foi tudo muito rápido. E esta gravidez já começou bem diferente: na anterior, eu demorei quase dois meses pra descobrir que estava grávida (menstruei grávida), não tive enjôos e - MUDANÇA FUNDAMENTAL - não tinha outro filho... Mas, enfim, ESTOU DE VOLTA AO TIME!!!


[E, apesar dos sintomas que me fizeram descobrir a gravidez não serem, digamos, tãããão agradáveis, sei que daqui há pouco vou estar me sentindo a deusa das deusas, cabelo lindo, pele linda, barrigão...... adorei estar grávida, e vou adorar de novo, tenho certeza. Mas os três primeiros meses são dose, principalmente no quesito barriga, ainda mais no segundo filho. Mas isso é assunto pra outro post...]


domingo, 19 de setembro de 2010

FILHO DE PEIXE...

Um belo dia, estava eu no escritório de casa, Caio apareceu, me olhou, mexeu na estante e saiu quietinho. Em seguida, um longo silêncio. Tão longo que, como toda mãe, logo desconfiei, e fui atrás dele pela casa. E eis que encontro o pequeno refastelado no sofá, admirando um livro de obras do Gaudi........... Pirei, é claro - ADORO GAUDI - e corri para registrar esse momento:

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

DESMAMAMOS


2 anos, 4 meses e 9 dias de mamá!

Agora posso dizer que sim, desmamamos, eu e Caio, Caio e eu. No próximo domingo completamos um mês sem mamar, UAU. Já vínhamos nesse movimento há algum tempo, tanto de minha parte, quanto da dele, mas sem regras, sem papos-cabeças, sem marcos definitivos, sem pontos finais. Outras coisas foram ficando mais interessantes que algumas mamadas, para ele. Para mim, em alguns momentos já não me agradava mais dar de mamar. Fomos encontrando nosso novo ritmo, com alguns tropeços, mas sempre tentando respeitar a vontade de ambos. Em alguns dias, isso foi tranquilo para os dois. Em outros, eu ou ele sentíamos mais as mudanças, reclamávamos um pouquinho, mas nos acostumávamos ao novo ritmo. Por várias vezes chorei quando ele não pediu pra mamar. Em outras, fui eu quem não quis dar, por não estar com paciência, ou com vontade, e o bichinho não se conformava. Seria mentira dizer que foi tudo um mar de rosas, ele e eu deixando de ter vontade ao mesmo tempo, na mesma sintonia. Tivemos nossos altos e baixos, e aprendemos juntos com isso, tenho certeza.

Achei que a mamada noturna fosse ser a última a desaparecer, mas não, a da manhã era a mais curtida por nós dois, e foi a que ficou. Era nosso momentinho de ficar juntinhos na cama, espichar o sono um pouco mais, mandar o papai pro outro quarto... E essa foi ficando, ficando, ficando... até o pequeno começar a acordar mais agitado, querendo brincar. Ou acordar faminto, e querer logo bater um cafezão da manhã mais sólido que o mamá. Aí, passava alguns dias sem lembrar do mamá, até que, numa noitezinha mais carente, pedia pra mamar antes de dormir. Ou então, no meio de uma tarde folgada de férias, se pendurava gostoso no mamá para fazer uma soneca. Eu achava isso o maior barato, “ele não desencana mesmo do mamá”, e matava minha curiosidade perguntando pra ele: “tá gostoso o mamá filho? Tem leitinho ainda?” E ele me olhava maroto, com olhinhos de puro prazer, e falava “tá dotoso, mamãe, o seu leitinho” e me mostrava o leite saindo do bico, como quem diz, “que pergunta é essa, mãe, claro que tem leite aqui!”.

Em alguns momentos tive minhas crises de mãe-sem-rotina: “ai, será que não devo tirar de uma vez?” “Será que não estou confundindo o menino, deixando ele mamar quando quer, em horários variados?” Em outros, a inquisição alheia quase me afetava (embora ela tenha rareado muuuito quando, por um lado, as pessoas próximas perceberam que não poderiam interferir nesse nosso processo, e, por outro, as mamadas foram se tornando momentos cada vez mais íntimos, cada vez menos visíveis aos olhos externos): “Nossa, é só você chegar que ele fica tão manhoso, é porque você ainda tá dando de mamar, né?” “Credo, que grude que ele está em você hoje, você deu mamá, foi isso?” Mesmo o papai já estava, há um bom tempo, em franca campanha pelo desmame (ele até havia meio que colocado um prazo “aceitável” até os 2 anos...). Mas – ainda bem – a boa e velha intuição e o gosto pela coisa me fizeram levar a amamentação no nosso tempo, mantendo minha crença no desmame como um processo. E assim foi.

Desde o fim do ano passado, começamos a passar alguns momentos separados, e eu sempre achava que eles iriam ser um ponto final brusco na nossa amamentação. Isso me angustiava a cada separação. Mas não foi assim que aconteceu, tanto por ele – que sempre que me via novamente pedia para mamar, às vezes instantaneamente, às vezes depois de horas ou até dias –, quanto por mim – que defini que só deixaria de dar de mamar quando ele parasse de pedir e, portanto, sempre que ele pedia, eu dava. E assim foi até um mês atrás, quando, depois de um bom período sem mamar, Caio ficou doentinho e voltou a mamar como há muito tempo não fazia, de duas a três vezes por dia. Mas, tão logo melhorou, simplesmente desencanou do dito cujo, e nunca mais pediu. Simples assim. Como eu queria que fosse.

Não que a fixação dele pelo mamá tenha diminuído, mas mudou de forma. Ele adora me ver de peito de fora, vem logo pedindo para “bincá com o mamá” ou para “dá bejinho no mamazinho da mamãe”. Ou então, nos momentos em que anteriormente ele pediria mamá, ele vem pro meu colo e se aninha entre meus peitos, aconchegado, chegando muitas vezes a dormir assim, encaixadinho. Delícia pura, uma nova fase na nossa relação, tão gostosa quanto era a da amamentação. Uma fase que, de certa forma, eu esperava muito, sempre tive muita vontade de saber como seria nosa relação sem a “mediação” do mamá, pois nosso processo de amamentação sempre foi muito intenso, nós dois curtimos demais, então não havia mamãe sem mamá. E hoje há, e está sendo muito muito muito bom também. O fim de um ciclo, um encerramento à altura para uma história de amamamentação que, por muitos e muitos fatores (e graças a muitas e muitas pessoas) foi um sucesso, em todos os sentidos. E que merecia esse relatinho meio dramalhusco, pra fazer juz à intensidade com que foi vivenciado. E viva o mamá!! E viva a mamãe"!!

PS. Continuo sem internet em casa......................... snif.................mas espero estar de volta em breve.........



segunda-feira, 9 de agosto de 2010

EU SOU UMA MÃE DE VERDADE, E VOCÊ?


Sabe quando você passa o fim de semana inteiro grudadinha no filhote, curtindo em família? Então chega segunda-feira, e vocês acordam cedo, e brincam até o limite do horário de entrada na escolinha, e vão tomar um café da manhã especial juntos na padaria? E depois, na hora de deixar o filhote na escolinha, ele não quer ir, e chora, e você se despede dele assim mesmo, e se sente a pior das criaturas porque tem que deixar ele lá chorando e ir trabalhar? E aí você fica um trapo, e no caminho até o carro chora também, e chora ainda mais porque está naqueles dias? Pois é, hoje aconteceu isso comigo. Fiquei péssima.




Mas daí lembrei dessa linda campanha que conheci através da Flá e da Ombudsmãe e me confortei um pouco. Pensei que sou uma mãe de verdade, de carne e osso, e que nem tudo é perfeito e ideal como eu gostaria. E pensar na campanha me fez pensar na minha vida, na minha maneira de lidar com a maternidade, no que ando fazendo de bom e de ruim, no que ainda posso melhorar, no que tenho que aprender a lidar melhor... Essa campanha é bacana por isso, traz a realidade da maternidade, suas dores e delícias, para ser olhada de frente pela sociedade e por nós mesmas, mães. E as imagens são lindas, inspiradoras, nos põem pra pensar. Vale conhecer e assinar embaixo. Porque merecemos ser mães sem medo de ser feliz, e, acima de tudo, sem nos sentirmos culpadas e pressionadas por tudo o que fazemos ou deixamos de fazer. Embora, tenho certeza, vou chorar toda vez que tiver que deixar meu filho na escola chorando, porque tenho que trabalhar. Mas vou me sentir a melhor das mães quando puder deixar de ir trabalhar pra ficar brincando com ele, porque minha maternidade de verdade é essa, conciliar o filhote e o trabalho, em dias mais fáceis e flexíveis, e outros mais difíceis e rígidos. E vamo que vamo.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

DEPOIS DA CHUVA


Ele voltou, e no início me esnobou. Ele voltou, e eu o achei tão diferente, tão crescido, tão mais tagarela (será que é possível?). Ele voltou, e na semana seguinte tentei ficar grudada com ele todo o tempo que pude.

Beijei, beijei, beijei. Apertei, sufoquei, melei. Coisa chata é mãe com saudade, não? Lambi a cria mesmo, até gastar. E repeti trocentas vezes "eu te amo", em milhares de variações: "mamãe te ama, viu, filhote?", "te amo gatinho", "te amo muito, filho", "mamãe te ama demais", e por aí afora, sempre seguido de beijos estalados e abraços de urso. Chata, chatíssima.

Mas... lá pela segunda ou terceira declaração de amor da mãe babona, o pequeno olha bem pra mim, nós dois deitados na cama, e repete: "te ama, mamãe?" "É filho, mamãe te ama, te ama muito". Ele: "te ama?" "Isso filho, EU-TE-AMO". Ele: "eu te amo também".................................................................................................................. M-O-R-R-I, apesar de saber que era apenas o bom e velho aprendizado pela repetição. Dormi feliz.

No dia seguinte, estou no banheiro e ele vem, todo faceiro: "mamãe!!" Olha bem pra mim, direciona um olhar apaixonado e diz, todo sincero: "Eu te amo, MAMÁ!", tascando as mãozinhas nos ditos cujos. Rá!!!! Dessa vez morri também, só que de rir. Até na declaração de amor espontânea o mamá sai na frente! Rá!

Declarações de mãe grudenta rarefeitas, chega o dia do meu aniversário. E, de presente, ganho o meu primeiro "EU TE AMO, MAMÃEZINHA", totalmente espontâneo, com direito a carinho no rosto e olharzinho apaixonado. E os nove dias de saudade louca ganharam novo sentido. Bom demais.

terça-feira, 22 de junho de 2010

SOBREI...


Brinquedos em todos os cantos da casa. Quartinho vazio. Casa vazia. Choro. Lavo a louça, recolho o lixo, me despeço dos cachorros e ‘fujo’ para a casa dos meus pais, pelo menos por uns dias.

Ouço uma música infantil e choro. Vejo um menininho brincando e me emociono. Escuto um chorinho de fundo na hora de dormir e acho que estou ficando maluca.

É, não vai ser fácil ficar 9 dias sem o pequeno. 9 dias!!! Ainda mais que, desta vez, ele foi e eu fiquei...

O jeito está sendo meter a cara no trabalho e, nas horas vagas, pegar um cineminha. Quem sabe até o fim da semana, se a gripe passar, tomo umas cervejinhas. Mas não dá para evitar ficar contando os dias esperando ele voltar: ainda faltam 4...

Alguém aí me entende??

domingo, 13 de junho de 2010

CAIO E A COPA




Incrível o poder da Copa de fabricar patriotismos. Até mesmo – ou talvez principalmente – nas crianças pequenas!!! Isso tem me impressionado muito nessa primeira copa mamãe-e-filhinho...

Caio ganhou da tia Sir, bem antes da copa, uma camiseta amarela com a bandeira do Brasil (lindinha!), e uma cornetinha verde e amarela, com uma bola de futebol no meio (meio pentelha, mas Caio curtiu taaaanto que até já quebrou, ufa!). O moleque pirou. Desde então, qualquer bandeirinha minúscula em etiqueta de roupa não passa batido: 'Basil, mamãe, Basil!'.

Outro dia, viu um logotipo do governo federal num livro e tascou: 'Basil, mamãe!' Achei estranho: 'nossa, será que ele leu isso?' Olhei mais de perto e, dentro de uma das letras, uma micro bandeira do Brasil que ele percebeu de longe.

Numa viagem recente, passamos em frente à cidade de Ibaté, que tem uma bandeira do Brasil na entrada, e ele gritou, eufórico: 'Olha uma toalha do Basil, mamãe, uma toalha do Basil!!!' Caí na risada: 'é bandeira, filho, é bandeira' .

Agora é copa pra cá, copa pra lá. Basil, basil, basil. E olha que eu nem tô tão nesse clima de copa, nem mesmo o pai, que é futeboleiro convicto. Mas já estou imaginando o que me espera nos próximos jogos do Brasil: um mini patriotinha de primeira viagem, pirando a cada vez que aparecer a bandeira verde e amarela. E dá pra escapar dessa overdose???
Eu também já fui criança, e me divertia à pampa nas copas. Então, bora juntar amigos e seus filhotes, estourar pipoca, enfeitar a casa, e fazer festa aos olhos do pequeno. E deixar a ranzinzice crítica sobre tudo o que há por detrás das copas pra quando ele for maiorzinho, né não?

domingo, 16 de maio de 2010

EU TÔ VOLTANDO...


Dou boa noite a quem é de boa noite, dou bom dia a quem é de bom dia... E, antes de tirar a cabeça pra fora d'água e não deixar este blog naufragar na inérica e na falta de acesso à internet, agradeço a todas que escreveram me cutucando e pedindo notícias! Saudades dos nossos intercâmbios digitais...

Pois é, minha gente, sobrevivi. O tempo de mudanças que se anunciava quando escrevi o último post foi realmente intenso, para o bem e para o mal: nesse longo período minha irmã teve um susto com a saúde, eu tive uma crise de pedra no rim, vivenciei uma situação difícil e dolorida envolvendo pessoas queridas, fiquei sem ajudante em casa (descobri que ela andava levando minhas coisas), nosso carro quebrou... afe, muita uruca. Esse mundo dos adultos por vezes me cansa... dá uma vontade de ser criança nessas horas....

Por outro lado, nossa casinha está uma delícia, cada vez mais ficando com a nossa cara; Caio está incrível, depois que fez dois anos parece que está cada vez mais tagarela e arteiro, está completamente desfraldado de dia e a caminho do desfralde noturno (assim que der conto sobre o processo aqui), super adaptado à nova escolinha, enchendo de alegria nossas vidas e me ajudando a passar por cima das situações chatas dos últimos tempos; e, pra completar o "lado azul da força", agora temos um novo companheiro na casa, o Tião, um dog alemão crianção fofíssimo que adotamos há uma semana, salvando o cachorrão das crueldades do dono anterior. Ô coisa boa.

Assim, sumi daqui um pouco por causa do caos da mudança, um pouco por que estava numa fase meio baixo-astral, com pouca vontade de escrever, e, acima de tudo, porque o bairro para onde mudamos ainda não tem rede de telefonia e internet (socorroooooo!!!) e estamos nos virando mal e porcamente com um 3G... De modos que (como dizia a minha avó), vou tentar ir voltando aos poucos, quero me atualizar nos blogs de vocês, mas vai ser num ritmo devagar e sempre...

Então é isso. Estamos vivos, felizes e mudados, em vários sentidos. E ansiosos por nos conectar novamente ao mundo digital. Obrigada pelo carinho, mulherada!!

E, pra terminar no clima em que tenho me sustentado nos últimos tempos, brindo vocês com um lindo poema*, que ganhei de uma amiga especialíssima nesse período:

Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já têm a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia:
e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.

* esse poema circula por aí como sendo de Fernando Pessoa (inclusive no cartão da minha amiga); mas parece que é de autoria do professor de literatura Fernando Teixeira de Andrade. Se alguém souber a fonte correta, me informe, tá?


sexta-feira, 12 de março de 2010

TEMPO DE MUDANÇAS





fotinhas aleatórias para dar um quê de saudosismo...

Filho, amanhã é nosso último dia na casinha onde você nasceu. Onde aprendeu a brincar, a engatinhar, a falar, a andar, a correr. A casa onde passamos sua gravidez, e seus dois primeiros - e deliciosos - anos. É, estamos de mudança. E não é uma mudança apenas física, de um espaço para outro: estamos indo para a NOSSA casa, projetada e construída para nós, dentro das nossas possibilidades atuais, pensando nos nossos sonhos de futuro, com a nossa cara, na qual seu pai dedicou toda energia dele. E, simbolicamente, estamos fazendo esta mudança a um mês de você completar dois anos. E junto com essa mudança tem tanta coisa acontecendo, filho, e você tá sentindo tudo isso, para o bem e para o mal. Já ouviu falar em inferno astral, querido? Dizem por aí que é um momento de virada, às vésperas de completarmos um ciclo de vida, em que acontece meio que uma catarse em nossa vida, para entrarmos numa nova fase (melhor, espera-se!). Pois acho que você tá vivendo seu primeiro inferno astral (e eu, por tabela): bateu a cabeça e tomou seu primeiro pontinho há quinze dias atrás; recebeu a notícia de que vai, possivelmente, mudar da escolinha onde você se adaptou tão bem (para outra tão boa quanto, e de graça!); acompanhou todos os preparativos para a mudança de casa, feita toda meio no sopetão; e, pra completar, na mesma semana da mudança pegou sua primeira gripe pra valer, com direito a febres altas, tosses encatarradas, noites mal-dormidas. Dureza, né, pitoco? Mas a mamãe tá aqui para te tranquilizar, e apelar para um ditado batido, mas de muita sabedoria: depois da tempestade (quase sempre) vem a bonança. E você já tá se recuperando da gripe, sem precisar de remédios, saindo com seu organismo fortalecido - e na semana que vem já estaremos dormindo na nossa casinha - e lá você vai curtir muitos bons momentos da sua vidinha que está apenas começando (alguns dos quais sei que vou M-O-R-R-E-R quando descobrir, mesmo tendo feito igualzinho) - e você vai ter um quarto lindo lá, com parede colorida e tudo - e daqui um mês você vai fazer dois anos, e vamos dar um jeito de comemorar na casa nova, mesmo no meio da bagunça, e vai ser a primeira de muitas festas lá - e como a casa é nova, todo mundo que você gosta vai vir visitar a gente, e você vai adorar mostrar sua casa , seu quarto e seu quintal novos pra eles - e nós vamos passear muito nas matinhas que rodeiam nosso novo bairro, e você vai se acabar de brincar na rua, como eu e seu pai fizemos na infância - e a escolinha nova também vai ser bem bacana, e você vai passar quatro anos da sua infância aprendendo muita coisa por lá - e você vai fazer novos amigos, e vai somar com os amiguinhos que você já tem, e é sempre muito bom ter uma turma de fora da escola, viu, filho! - e lá tem árvores, e dois parquinhos diferentes, e exposições feitas especialmente pra você e os amiguinhos que você vai fazer por lá - e depois, quando chegar a hora, você vai voltar pra essa outra escola que você tanto gostou, e vai poder curtir a experiência como se fosse a primeira vez, com novos olhos - e é tanta coisa boa que vai vir depois dessa tempestadezinha, filho, que você não vai nem se lembrar que ela existiu. Mas ela está te construindo, te fazendo um menininho forte e antenado, e será a primeira grande mudança da sua vida, bem no momento em que você se despede, a cada dia um pouquinho, daquele bebezinho que parece que ainda ontem saía de dentro de mim, para se tornar uma pessoinha independente, cheia de vontades, com tanta personalidade, tão seguro e ao mesmo tempo tão carinhoso e apegado a nós. Quanta coisa, né moleque? (e você me responderia: "muéque não, mamãe, é Taio!"). Pois te prepara que tua aventura está apenas começando, e, se depender de mim, ela será inesquecível.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O DIA EM QUE ENTENDI O QUE É SER MÃE






Dizem que a fase de acabamentos de uma obra pode por um casamento à prova. O meu parece ter sobrevivido (rá!), mas ainda ontem tivemos um nheco-nheco por conta da pintura. Mulher de tpm, marido esgotado, já viu. Estávamos na obra, resolvemos ir embora, peguei Caio no colo agitada. Fui colocá-lo na cadeirinha do carro e ele, que está numa nova fase da inércia, não queria ir embora, começou a fazer birra, se jogou para trás e... POW! Choro. Sangue. Mãe desesperada com a criança no colo. Pai desesperado pega a criança. Choro. Sangue.

Ainda consigo olhar o estrago: "ai, meu deus, acho que vai ter que dar ponto... Vamos correndo pro pronto-atendimento!" Pego Caio no colo, entro no carro, e coloco ele no peito pra acalmar (nessas horas fico ainda mais feliz por ele ainda mamar...). Em minutos estava tranquilo, fui estancando o sangue, mas ele sentia dor quando tocava o local. Dani me culpava, eu me culpava... "ele estava no meu colo"... "mas ele se jogou pra trás"... repetia pra mim mesma, atordoada. A dura realidade de não ser onipotente, onipresente, todapoderosa em relação a ele caía na minha cabeça. Eu chorava mais que ele.

Entrei no pronto atendimento com o filhote pendurado ao peito, enfermeira daqui, atendente de lá, colocamos ele numa cama, encharutaram ele num lençol para não mexer os bracinhos, limparam o ferimento. "Vai ter que dar ponto?" "Calma, mãe, o doutor já vem". Chega o tal doutor, é "daqueles", mal fala conosco, já vai ditando os procedimentos pras moças, percebo que vai dar ponto sim, começo a cantar pra distrair o pequeno, que apesar de tudo ainda consegue rir. Estou de frente pra ele, olhos nos olhos. O pai está ao lado, acariciando-o. De repente, o doutor enfia uma agulha no meio do corte, a cena vira slow motion, vejo a agulha entrando e injetando um líquido no ferimento, os olhinhos de terror do caio, o choro doído, a agulha preta e curva que crava o ponto, os olhinhos desesperados me fitando, o choro inconsolável, a mensagem implícita "mamãe, não deixa eles fazerem isso comigo!". Eu canto, digo que já vai acabar, que tudo vai ficar bem, seguro o choro tremendo na base, até que a enfermeira pergunta: "tá tudo bem, mãe? quer que eu vá aí?"Digo que não, e desabo a chorar, e logo me seguro de novo, eu e o pai nos olhamos, estamos em farrapos, o ponto tá dado, o curativo tosquíssimo é feito, arranco os lençóis e o pego no colo, instinto de bicho, saio da sala sem olhar pra ninguém, só pra ele, e largo com o pai (meu herói) a ingrata missão de resolver os procedimentos burocráticos, papéis, carteirinhas e ter que olhar pra cara daquele médico de gelo.

O pequeno chora sentido, se agarra a mim, pede pra mamar. Vamos em direção ao carro: "calma, filho, tá tudo bem, mamãe tá aqui, calma, respira, calma..." Ele se acalma. Mama. Mama. Mama. E eu o abraço e choro. Vamos pra casa, e enquanto ele mama cancelo o compromisso de trabalho que teria naquela noite (há uma semana comecei a dar aulas numa faculdade, e seria minha segunda aula) e no dia seguinte, pra ficar com ele. Ele mama e eu choro. Ele vai se animando, eu vou me acalmando. Então ele me olha, abaixa minha blusa, desce do meu colo e diz, como se nada tivesse acontecido: "mamãe, télo bincá. Vem!" O pai o chama para mostrar o curativo gigante no espelho, ele não se assusta, dizemos para não mexer, e ele não toca mais no local. Vamos brincar, jantamos, tomamos banho e hora de dormir. Tudo tranquilo para ele, uma noite como todas as outras. E eu, como da outra vez, desabo a chorar depois que ele dorme, me agarro ao pai, choro e soluço feito criança. Durante toda a noite permaneci meio passada, tive dificuldade pra dormir. Caio acorda algumas vezes de madrugada, mas volta a dormir rapidamente, não reclama de dor, apenas quer aconchego.

No dia seguinte, eu com a cara inchada de tanto chorar, o super-papai providencia o café, o filhote acorda de bom humor, lembra do dodói, aponta e pede: "dá bêjo, mamãe!" Eu dou, ele diz: "já paxô (passou)!" Eu rio, e admiro meu pequeno homenzinho, aprendo com ele, com sua capacidade de se alegrar e se divertir, com sua tolerância à dor, com sua facilidade de compreender as coisas. Penso que essa minha aventura materna está só começando. E sinto que minha mãe não esteja aqui pra me dar um beijo e dizer que "já passou", porque até agora ainda pesa em mim a culpa, ô bichinha pentelha...

* * * * * *
ps. de utilidade materna: jamais segure displicentemente um menininho na fase dos dois anos (também conhecida como "a terrível") enquanto tenta convencê-lo de fazer algo que ele não esteja muito a fim, porque ele pode se jogar para trás, para a frente, para os lados a qualquer momento, te pegando desprevinida e podendo bater em quinas, batentes, passantes, árvores ou mesmo na sua própria cabeça, podendo causar acidentes mais ou menos graves...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

PEQUENO TIRADOR


Muita coisa acontecendo de uma vez, Caio se transformando a cada dia, e eu aqui, vivendo a vida, dedicando pouco tempo para escrever, narrar, documentar. Mas nada de desculpinha esfarrapada, a verdade é que por esses tempos esse será o ritmo do blog mesmo. Então, vocês já sabem, tá ali no perfil, tenho fases como a lua, fases de andar escondida, fases de vir para a rua... Quem quiser gostar de mim, eu sou assim... Rá!

Mas vamos ao que interessa: o Caio, claro. Tanta coisa em tão pouco tempo, queria ter conseguido registrar tudo aqui. O moleque tá figura. Desde que engoliu a pílula falante, o pequeno tá se achando. Tira com todo mundo.

Primeiro foi com meu pai. Os dois no jardim da casa dos meus pais. Vovô resolve fazer graça:
- Caio, olha o piu-piu!
- Pobinha (pombinha), vovô! (com cara de bravo, corrigindo meu pai)
Vovô fica passado.

No outro dia, o vovô começa a cantar a música preferida do momento para o netinho, que solta essa:
- Ah, não, vovô! Vovô não sabe!
Close no vovô com cara de tacho.

Eu sou o alvo preferido. Esses dias ele ficou meio doentinho e praticamente parou de comer almoço e janta. A mamãe tentando manter a calma e a paciência, tentando de tudo pra ele comer pelo menos um pouquinho.
- Quer isso, quer aquilo, quer aquilo outro?
E ele, com cara de "pára de me encher o saco, mãe", me manda essa:
- Taio (Caio) não té (quer) nada, mamãe. Não té nada.
E ponto.

Agora ele deu pra querer ser independente (nos momentos em que resolve desgrudar de mim... rá!). Eu estimulo: Caio já sabe fazer tal coisa sozinho! ou Agora o Caio vai aprender a fazer tal coisa sozinho! E assim vamos. Daí que resolvi ensinar o danado a descer da cadeirinha do carro sozinho (mais ou menos, viu, gente, aquele sozinho pra ele se achar, mesmo). Ele adorou, e vira e mexe quer descer sozinho (umas mil vezes seguida, vocês sabem como é, né?). E eu sempre fico naquela de querer ajudar, mas hoje levei ferro:
- Tai (sai) mamãe, não axuta (ajuda)! Télo (quero) sozinho.
Posso com isso???

E, pra finalizar, a tirada-mór, e nem precisou de palavras: logo de manhã, eu, cansadona, tomando meu café ainda de pijama. Lá vem ele, todo alegrinho, como se viesse me fazer um carinho (ele anda muuuuito carinhoso, delícia total). Vem com a mãozinha em direção a mim, e... "aaaaaaaaaaaai, filho!!!!". Apertou com gosto uma camada adiposa mais saliente daquilo que um dia foi sua primeira casa, e riu com a cara mais malandra que conseguiu fazer, como se dissesse: "mamãe, olha isso, coisa feia, vai se cuidar." M-O-R-R-I. Só não fui direto pra academia porque estou muito sem grana, mas o apertão pegou fundo. Eu tô lascada com esse menininho tirador.

domingo, 31 de janeiro de 2010

A PRIMEIRA NOITE FORA COM PAPAI OU DEPRÊ DE MÃE



Depois do primeiro dia juntos longe da mamãe, da primeira semana sozinhos em casa enquanto a mamãe viajava e da recente iniciação ao futebol à distância da mamãe, agora pai e filho foram passar a primeira noite fora de casa sem a mamãe... Ó céus!

Pior é que fui eu que pedi: Dani ia pra Campinas fazer compras pra obra, eu tenho que trabalhar amanhã, ele topou fazer malabarismos para levar o filhote (valeu, amor!!), a vovó topou ficar com o pequeno (brigadão, vovó!), e tudo se resolveu. Levei pai e filho até Rio Claro para encontrar os super avós, e, na volta, se não fosse Chico César a mamãe aqui tinha embarcado numa bad trip, vontade de pegar o primeiro retorno e sair correndo atrás deles: "péraê, eu vou também!!". Me contive, chorei um pouquinho e fiquei pensando em como sou molona, como choro por tudo, imaginando que tipo de mãe eu serei quando meu filho for adolescente, homem feito... Concluí que serei igualzinha a minha mãe: ela chorava quando eu voltava aos finais de semana para a faculdade, e chora até hoje, quando Caio vai embora da casa dela. Serei IDÊNTICA, tenho certeza. (chora não, hein, mami...)

Até que me aguentei forte na estrada. Mas quando cheguei em casa, aquela penumbra do fim do dia, uma lâmpada queimada na sala, chovendo lá fora e aqui dentro fazendo tanto frio, brinquedos espalhados pela casa inteira, a casa vazia... não me aguentei, abri o maior berreiro mesmo, me consolei feito louca com a Taipa (nossa cachorra!), e agradeci aos céus por não ter uma barra de chocolate por perto, porque senão o regime da semana toda teria ido pro saco. Mamãe em momento deprê-master, foi foda. E aí, como não tinha chocolate, meti a cara no trabalho, afinal foi só por isso que liberei a noitada dos meninos.

Imagem daqui.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

DA SÉRIE: DELÍRIOS DE MÃE


Desde ontem dei pra ter um desejo secreto de mãe. Talvez algumas de vocês me entendam, acompanhem só.

Depois de alguns dias fora a trabalho, desde sexta passada estou grudada no Caio e ele em mim. Fazemos praticamente tudo que dá juntos. Ocorre que entre as rotininhas dele, as nossas brincadeiras e passeios, e as intermináveis sessões de cocoricó, há que se cumprir os afazeres domésticos atrasados - dentro e fora de casa: comida, compras, contas, etc. E lá vai Caio com mamãe fazer tudo isso.

Dia 1, ontem. Orçamentos para obra da casa-própria. Xerox de documentos. Pagamento de contas. E antes que desse tempo de chegar ao supermercado o pequeno já estava dormindo no carro. Voltamos para casa e o resto ficou pro dia seguinte. Mamãe improvisou o jantar com o que tinha em casa.

Dia 2. Solicitar ligação de água para a casa própria (1 hora e meia esperando, em uma repartição pública, e Caio deu show de bom comportamento, me acabei de tanto orgulho). Pagar aluguel. Buscar homeopatia. Comprar ração. E antes de conseguir chegar ao sacolão, novamente o filhote já dormia no carro. Me virei estacionando o carro, com ele dormindo mesmo, em frente a uma rotisseria e comprei um jantar pronto.

Daí, que essa sequência de fatos me fez matutar o tal desejo secreto: porque não inventaram ainda um mercadinho delivery, um sacolão drive-thru, hein, gente??? Já pensou que sonho, a mãe poder estacionar o carro com o filhote dormindo no banco de trás, pedir "1/2 kilo de peito de frango, 300g de abóbora, 2 pés de alface, 1 penca de banana", seguir para o caixa à frente, pagar, conferir a mercadoria e chegar em casa com o filhote dormindo, colocá-lo na cama e aproveitar a soneca pra preparar um jantarzinho delícia??? Alôu, Carrefour Bairro, tá dada a dica. Rá!

domingo, 24 de janeiro de 2010

INICIAÇÃO AO FUTEBOL



Filho, hoje teu pai te levou ao estádio pra ver o Coringão pela primeira vez! Tudo bem que é um jogo no interior, num estádio menor, mas eu tô aqui, assim, meio aflita. Ainda mais porque o tempo tá meio chuvoso, seu pai tá sem celular... sei lá, coisa de mãe. Mas era um sonho antigo do teu pai te levar pra ver um jogo, eu sempre era meio contra, mas dessa vez deixei pra ele decidir. Ele ficou um pouco inseguro, primeira vez, né, filho, é sempre assim. E o vovô (que é são-paulino) ainda ficou apavorando, dizendo pra não levar... Mas no último minuto do segundo tempo ele perguntou se você queria, você estava todo animado, ele confirmou que o estádio era coberto e decidiu te levar, mesmo sabendo que isso poderia significar não ver direito o jogo ou ter que sair antes do final: pra um corintiano como o seu pai, isso é uma prova de amor e tanto, viu, filho! Ele saiu do carro afobado, porque já estava na hora do jogo começar, te tirou rapidinho (nem deu tempo de eu te dar um beijo e fazer mil recomendações a ele), colocou você no cangote, deu um tchauzinho e foi, feliz da vida. E eu, mesmo em dúvida sobre se esse era o melhor momento para você ter essa iniciação, fiquei feliz também vendo vocês indo juntos pro jogo, e apesar de aflita, estou aqui torcendo para que o Corinthians marque pelo menos um gol pra vocês comemorarem juntos, "idal o Xúlio"**, como você mesmo disse antes de sair do carro.

**(tecla sap: "igual ao Júlio", do Cocoricó, a mais nova paixão do Caio, que, no último dvd que ele ganhou, vai ao estádio assistir um jogo de futebol com o avô).

MAMÃES NA ATIVA


Já tem um tempinho que a Ju me pediu pra divulgar um trabalho super bacana que ela está fazendo, e, aproveitando a deixa, resolvi fazer esse post divulgando não apenas a iniciativa dela, mas de duas outras mamães blogueiras que, motivadas pelas transformações intensas que nos fazem virar SUPER-MÃES, transformaram também a vida profissional, investindo em atividades diferenciadas e que têm tudo a ver com maternidade, filhos e afins. Espiem só:


Com a palavra, a Ju: "Pensando nos bebês que sofrem com fantasias de tecido sintético, paetês e frufrus, eu e uma amiga desenvolvemos um linha em algodão, fresquinha, mas com muito charme pro Carnaval! É a Mamãe Eu Quero! Se você é mãe, corre lá e faça seu bebê ser um folião de primeira!". Achei a idéia sensacional, as fantasias são muito lindinhas e as fotos com pequeno Heitor e sua amiguinha Carol são uma coisa, dá vontade de apertar muuuito os pequenos foliões. Corram mesmo, viu, que o carnaval está chegando e já tem umas fantasias esgotando!




A Roberta também teve uma sacada super legal, matou o pato donald, foi trabalhar fora de casa e começou a importar umas coisinhas muito lindas pros pequenos: roupichas, sapatinhos, acessórios, brinquedos... Tudo de marcas bacanas e com preços acessíveis. O blog minhamaequedisse.wordpress.com é de enlouquecer, principalmente mãe de menina! Além do que, para comprar, você tem que fazer contato direto com a dona-e-proprietária do negócio, o que já vale a pena por si só - além de ser uma fofa, a Roberta é uma figura, recomendo muito o blog dela: piscardeolhos.wordpress.com. Eu andei namorando vááárias coisinhas de lá pro meu pequeno, como essas aqui, ó:




Outra que está toda novidadeira é a Pérola: além de ter criado, no fim do ano passado, o projeto "Mãozinhas na Massa", que divulga informações sobre saúde infantil e alimentação e realiza oficinas de culinária saudável para crianças, ela entrou em 2010 com o pé direito, e na cozinha!! A partir da experiência e do prazer de cozinhar para a família e os amigos, ela criou o blog Natureba e Cia, onde compartilha conosco suas idéias sobre culinária saudável, e divulga as delícias que ela prepara (cupcakes, pães, pastas, cookies...) e os "serviços natureba" que ela desenvolveu, como: assinatura de pães integrais (uma ótima idéia, vale conferir), pequenos eventos, festas saudáveis, lanches para escola e opções gostosas para a criançada, entre outros. Dá vontade de sentar, tomar um chazinho e passar o dia provando as gostosuras.



segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

MINI-FÉRIAS


Pois é. Aconteceu quando eu menos esperava: Caio foi passar as primeiras mini-férias na casa dos avós maternos. Foi assim, de repente, nem deu tempo de me preparar psicologicamente. Papai tocando a obra da nossa futura casa própria, mamãe precisando trabalhar pelo menos meio-período por semana, filhote o mês todo em casa... o jeito foi pedir socorro aos super-avós, como sempre. Fiquei meio em dúvida se já era o momento certo, mas a intuição disse que sim e, de mais a mais, as férias estariam a menos de 40 minutos da minha casa: a qualquer problema, eu sairia correndo NA HORA.

Mas, É CLARO, não teve problema nenhum, é tudo nóia de mãe, sempre. Deixei ele na casa dos meus pais na quarta de manhã, e a alegria era tanta que mal me deu tchauzinho. Fui, livre, leve e solta, e um tantinho assustada de estar tão leve e solta assim. Maridón e eu fizemos altos planos: vamos no cinema, no boteco, tirar filme, comprar vinho, etcetcetcetc... Na primeira noite, os dois pregados, "ai, vamos ficar em casa mesmo, amor". Filmeco classe C e cama, não sem antes entrar no quartinho do Caio e dar uma choradinha de saudade.

No dia seguinte, muito trabalho, mas decidimos ir ao cinema nem se fosse pra assistir Xuxa (mentira, nem morta! mas é que aqui no interiorrrrr é assim, bastou chegar as férias e TODOS os cinemas - que já são poucos - resolvem passar os mesmos filmes, quase sempre esses enlatados infantis): por sorte tinha outro um pouco melhor, e deu pra esticar um programinha a dois, matando a saudade de um botequinho que não íamos a tempos. Chegando em casa, choradinha básica, coisa de mãe de primera viagem, acho.

Sexta-feira, último dia, eu e Dani já havíamos filosofado o quanto dava sobre a estranha sensação, ao mesmo tempo boa e ruim, do filhote ficar longe de nós pela primeira vez: boa, afinal, há 1 ano e 9 meses nosso dia-a-dia gira em torno do pequerrucho, e foi uma delícia poder fazer as coisas em outro tempo, sem maiores preocupações, ficar até mais tarde fora de casa, curtir vários dias de casalzinho, dormir sem pensar que a qualquer momento o pequeno pode acordar, trabalhar mais sem culpa, dar uma descansadinha gostosa depois do almoço... e tantas coisinhas miúdas que não conseguimos mais fazer todo dia depois da chegada de um filhote; ruim, porque dá muita saudade, uma sensação meio de vazio, de algo faltando, vontade de apertar, beijar, dar mamá, brincar, cheirar, fazer cosquinha só pra ouvir a risada deliciosa... enfim, mesmo com todo o lado bom da coisa, sentimos muita falta da presença alegre e intensa do pequeno, muito mais do que podíamos imaginar.

Então fomos buscá-lo, e foi uma delícia o reencontro, com direito a muitos abraços, e muitos "mamãezinha", e muito chamego, e um grudinho gostoso, e a certeza de que uma nova era começou na familinha: os avós que se preparem!!!