Hoje é aniversário da minha mãe. Sábado que vem, quem comemora é a minha sogra. Essa postagem é em homenagem a elas: (na verdade, é o presente de vocês, viu, porque a coisa por aqui está preta...) Então, esse presente virtual fica como registro do nosso imenso carinho e amor por vocês, nossas queridas mamães, e vovós do Caio, vocês, que nos ensinaram esse ofício que é hoje nossa razão de ser no mundo: a arte de ser mãe e pai.
Com vocês aprendemos que amor é sentimento incondicional. Que para ter e criar um filho como se deve, é necessário muito amor, mas também um tanto de responsabilidade e coragem, que os dias de hoje não estão fáceis. Que paciência, compreensão e sensibilidade passariam a fazer parte de nosso pacote de emoções cotidianas, assim como uma pitada generosa de disposição e bom humor: viva o sorriso acolhedor de uma avó, e a gargalhada descontraída da outra!!!
Com vocês descobrimos que para fazer florescer nosso filhote devemos nos atentar ao poder da palavra certa no momento certo, seja para acarinhar, seja para aconselhar, seja para ajudar a seguir no prumo (chegamos a sentir saudades daquelas broncas enérgicas, mas sempre envoltas em carinho, que só vocês sabiam dar...).
Vocês nos ensinaram que é preciso olhar o mundo com olhos de encantamento, de descoberta, de prazer: ensinar a olhar, coisa mais bonita que aprendemos com vocês! Vocês nos ajudam, a cada dia, a despertar o olhar de Caio para o mundo, para a natureza, para o belo, para a curiosidade, para a alegria, para o amor, para a amizade, para a poesia, para os mistérios... Vocês proporcionaram a nós, e hoje proporcionam a Caio, experiências que o colocam em contato com o bom da vida, com o espantoso do mundo, com a importância de conviver e compartilhar... Como diria Rubem Alves (expressando tão bem em palavras o que vocês nos mostraram com gestos e experiências):
“Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: Veja! E ao falar aponta. A criança olha na direção apontada, e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande, ela fica mais rica interiormente. E ficando mais rica interiormente, ela pode sentir mais alegria e dar mais alegria – que é a razão pela qual vivemos.”
Com vocês aprendemos tudo isso e muito mais. A vocês devemos nosso desejo realizado de gerar uma vida, de criar um serzinho para o mundo, de construir uma família (ainda que nos nossos moldes, nem sempre aprovados por vocês, né!!). A vocês agradecemos, do fundo de nossa alma, por terem nos tornado mais ricos interiormente, por terem nos possibilitado sentir e dar mais alegria, e, principalmente, por podermos fazer tudo isso e muito mais por Caio...
PARABÉNS, QUERIDAS, NÓS AMAMOS MUITO VOCÊS!!!
domingo, 14 de dezembro de 2008
ESPECIAL PARA AS VOVÓS
domingo, 7 de dezembro de 2008
EM TEMPO
esqueci de contar, quando falei das novidades do pequeno, que o bichinho já atende pelo nome!!! Chamamos "Caio" e ele já nos olha prontamente, começando a identificar-se com o nome... E foi assim, de repente, também...
YOGA NA GRAVIDEZ*
As práticas, todas direcionadas à gestação e ao parto, foram me dando uma grande dimensão das transformações que meu corpo sofria mês a mês, semana a semana, dia a dia. No início, ainda praticamente sem barriga, eu mal conseguia me equilibrar em algumas posturas, que, após meses de prática, com o barrigão para explodir, se tornaram quase triviais...
Aprendi a me ajustar pouco a pouco ao meu novo corpo, e a yoga foi fundamental nesse sentido, a ponto de eu praticamente não sentir dores nas pernas, nas costas ou na lombar, mesmo tendo passado horas e horas sentada finalizando o meu mestrado. A realização de algumas posturas, diariamente, durante esse período tenso de finalização da dissertação, ajudou-me a suportar não apenas o cansaço físico de passar longos períodos sentada digitando, mas também foi uma grande aliada para que eu conseguisse controlar o stress desse período, evitando atingir o pequeno ser que crescia – e muito! - dentro de mim.
Além disso, como eu não parei de trabalhar durante a gravidez – muito pelo contrário... - a prática de yoga era um momento de parar tudo e me comunicar com o bebê, respirando de forma consciente, relaxando, alongando, tocando minha barriga, emanando sensações e pensamentos positivos e reconfortantes para ele.
Aliás, a respiração foi um capítulo à parte: tenho problemas respiratórios (rinites de causas variadas), e estou acostumada a, desde criança, respirar inconscientemente pela boca. No início das práticas de yoga, eu simplesmente não conseguia coordenar posturas e respiração. Com o passar dos meses, fui tomando consciência de minha respiração, e ela se tornou algo natural durante a realização das posturas. Fui aprendendo as maneiras de respirar que me traziam mais energia, ou que me faziam relaxar, comecei a perceber momentos em que minha respiração me atrapalhava, e passei a me atentar mais à ela. Após seis meses de prática, a respiração foi um dos principais suportes que encontrei tanto para me concentrar quanto para relaxar no processo do parto, tendo sido uma aliada para minimizar, na medida do possível, as fortes ondas de contrações do trabalho de parto e do expulsivo.
Além da respiração, outro ponto de apoio que "me garantiu" durante o parto foram minhas pernas: a opção por um parto domiciliar, tendo liberdade de escolher a posição de parir, ganhou força quando percebi que meu corpo estava preparado para isso, e certamente a yoga teve papel fundamental. Trabalhamos muito as várias posições de cócoras durante as práticas, além de outras posições que favoreciam uma postura mais ativa durante o parto, como os fortalecimentos de períneo, os alongamentos, os exercícios com a bola...
A possibilidade de conquistar um parto ativo foi algo que descobri desde o início da gravidez, através de amigas, sites e listas de discussão na internet. A prática de yoga, e a postura adotada por minha professora (será que posso chamá-la assim?) se aproximava muito desta idéia de parto ativo, humanizado, em que a mulher e o bebê são os protagonistas, e ela acabou se tornando uma grande companheira na jornada da minha gravidez, quando, além de me guiar no aprendizado das posturas e respirações, me emprestou livros e revistas, passou diversos momentos conversando sobre minhas dúvidas, descobertas e angústias, realizou práticas direcionadas à participação também ativa do marido/pai durante o trabalho de parto, entre outros cuidados que poderiam preencher muitas linhas deste texto.
Tive um trabalho de parto muito tranquilo, demorei a perceber que ele já tinha começado, e, do momento em que percebi – quando as contrações começaram a ficar mais fortes e próximas – até o nascimento do pequeno Caio, posso dizer que foi um processo relativamente rápido. Certamente aspectos genéticos e fisiológicos auxiliaram para que isso acontecesse, mas eu tenho convicção de que a tranquilidade adquirida ao longo dos nove meses de gestação – nos quais a prática de yoga teve papel central –, além da certeza de estar fazendo a melhor escolha quando optei pelo parto domiciliar como a maneira mais humanizada que encontrei para trazer meu filho ao lado de cá do mundo, acompanhada de pessoas nas quais eu confiava absolutamente, foi fundamental para que meu parto fosse ao mesmo tempo intenso e tranqüilo, avassalador e sereno. E, coincidência ou não, isso se reflete na personalidade de Caio, um bebê muito tranqüilo, seguro e alegre.
Tentei voltar às práticas após o nascimento do Caio, levando-o comigo para praticarmos yoga mamãe e bebê, e as poucas vezes que fizemos foram deliciosas. Caio reconheceu claramente a voz da Katrina no relaxamento, momento em que ele relaxava também! Por diversos motivos não conseguimos continuar, e sinto muita falta de praticar yoga, ainda mais agora que meu corpo é exigido ao limite pelo pequeno, que ja está com oito meses! Mas pretendo retornar em breve, não mais no grupo de gestantes, para o qual voltarei certamente quando vier o segundo...
* escrevi esse texto a partir de um pedido de Katrina, minha "professora" de yoga, como um relato do que a prática de yoga durante a gravidzez proporcionou a mim e ao Caio.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
MOMENTO DE MUITAS NOVIDADES
Vamos às novidades:
Deu para sentir o que estão perdendo??? ; )
ENTRE A RAZÃO E O INSTINTO
Minha sensação neste período de quase oito meses como pai, marido e homem é que tenho vivido diferentes momentos, na maioria das vezes muito bons, mas que de alguma forma oscilam radicalmente entre a razão e o instinto. Isso já era perceptível antes mesmo do Caio nascer. Se bem que nesta fase pré-natal este convívio era, pelo menos para mim, muito mais um acompanhamento, um aumento do companheirismo e um grande exercício de tolerância.
Depois do nascimento, minha compreensão sobre o instinto humano e os cuidados com a cria se transformou completamente, mudando inclusive minha maneira de ver o mundo que me cerca e conseqüentemente a maneira de me inserir neste mundo. Toda esta mudança trouxe consigo os gostos e desgostos de uma nova fase, com novos compromissos, necessidades e demandas. Como diria um amigo: “Bem vindo ao mundo selvagem!”.
Os processos que ocasionaram estas mudanças em mim estão intimamente ligados à maneira como a vinda do Caio se deu e como lidamos com ele desde então. Desde o fato de na hora do parto segurar a Thaís pendurada em meu pescoço, mesmo tendo uma grave lesão na coluna, adquirida quinze dias antes, até ver meu filho nascer no boxe do nosso banheiro, em seguida conversar com ele para então decidir seu nome, dar o primeiro banho de sua vida, e daí por diante, passando por fraldas, trocas de roupas, banhos, acalentos e todos os outros tratos que biologicamente um homem pode prover seu filho.
Tenho convicção que várias das transformações que me ocorreram têm relação direta com uma interação maior com o instinto humano, ao mesmo tempo que reconheço em meu cotidiano uma forte racionalidade que constrói meus atos. Minha relação com o Caio é permeada pelo instinto e pela razão, já a relação da Thaís com ele é dominada pelo instinto, com lampejos de razão. Com todas as mudanças em nossas vidas o mais difícil está em reencontrar o equilíbrio que existia na relação entre eu e ela. Ao mesmo tempo em que ela é puro instinto, em determinados momentos seu comportamento chega a ser quase irracional, de tanto procurar emplacar uma “dita” racionalidade, como por exemplo na sua intenção de construir forçosamente uma rotina para o Caio e conseqüentemente para mim. Do instinto do choro, do acalento e da proteção, surge uma irredutível personalidade que institui a realidade ao seu entorno. Ufa!!! Como diz o ditado: “rapadura é doce mais não é mole não”.
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
domingo, 23 de novembro de 2008
A MATERNIDADE E A PATERNIDADE 1
As visões e vivências femininas e masculinas da maternidade/paternidade são muito diferentes. Isso fica a cada dia mais evidente para mim, e não é fácil lidar com essa diferença.
Como mãe, me vejo muito preocupada em acertar, muito atenta aos mínimos detalhes e quase que "obcecada" por construir uma rotina com o Caio. E muitas vezes me sentindo culpada por achar que não estou fazendo o melhor, porque tive que levá-lo para uma reunião de trabalho quando ele deveria estar em casa, ou porque estava na rua na hora em que ele devia tirar uma soneca...
Já o pai... sua maior preocupação é curtir o filhote, sem muitas rédeas, sem ficar "aprisionado" a uma rotina... Fazer as coisas quando acha que é o melhor momento, quando está a fim, sem se apegar muito a horários e sequências. Se passou da hora de comer, tudo bem, come mais tarde. O filhote dormiu na hora de tomar banho, paciência, fica sem banho hoje.
Sem dúvida, é um jeito muito mais leve de encarar esse momento. Entretanto, isoladamente, ele não funciona. Por outro lado, o risco de virar um stress minha tentativa de construir uma rotina é grande. Sem contar que, como bem disse a Denise Fraga num ótimo texto na revista Crescer, corro o risco de adquirir um "calo de mãe" e me tornar autoritária em todas as esferas da vida.
Vira e mexe o maridão alerta: "Você está acelerando..." É a senha para me dizer que estou passando do ponto, que estou me deixando levar demais pela rotina e perdendo a oportunidade de curtir mais cada situação, sem que tudo esteja absolutamente programado e encadeado. Em outros momentos, é minha vez de puxar a orelha e alertar para a necessidade de um passeio gostoso em família, para o sono do pequeno, ou para a hora de comer.
Nem sempre esse equilíbrio funciona. Muitas vezes, a balança pende para um dos lados. Em várias delas, o tal "calo de mãe" (mesmo que de mãe recente!!) aparece, e eu preciso mesmo parar, tirar o peso das costas e deixar as coisas fluirem a seu tempo. E nessas horas agradeço por ter ao meu lado um excelente companheiro de gangorra, que me ajuda a seguir mais leve nos altos e baixos da jornada.
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
AQUELE QUE TRAZ ALEGRIA
Desde muito tempo antes de engravidar, eu sempre pensava muito em nomes de menina. Talvez por ter crescido em meio a muitas mulheres, sempre me imaginava mãe de menina. Descobrir que estava esperando um menino foi uma surpresa boa, uma novidade, e eu não consegui imediatamente começar a pensar em nomes.
Quando eu e Dani começamos a conversar, eram poucos os nomes com os quais os dois se identificavam. Na verdade, estranhamente, nem conseguíamos conversar muito sobre o assunto, parecia que precisávamos ver a carinha dele para decidir... Nesse processo, tínhamos em comum o gosto por dois nomes: Téo e Caio. E esses dois foram indo a gravidez toda, nós simplesmente não conseguíamos decidir. Todos perguntando, aquela pressão, e nada de decidirmos. Até no chá de bebê saiu no convite: "chá do bebê"...
E assim foi até o dia do parto... nosso bebê nasceu em casa, mamou logo depois que o pai cortou o cordão umbilical, e ficou grudadinho comigo, até iniciar-se o processo de expulsão da placenta. Nesse momento, Dani pegou o Caio (que ainda não tinha nome) para que ele não ficasse ali durante esse processo (pois fiquei bastante incomodada... minha placenta demorou quase 50 min para sair... e ainda tive que dar uns pontinhos na laceração...). Finalizada essa etapa, Dani voltou com ele para o quarto, e ficamos só nós três, deitadinhos em nossa cama, em silêncio, embriagados pela emoção... Então, olhei para o Dani e falei: "agora temos que escolher o nome..." E ele, com uma risada marota, apontou para o filhote e disse: "ele já escolheu..." Enquanto haviam ficado a sós, Dani conversou com o pequeno, pronunciou os dois nomes, e, ao falar Caio, ele se manifestou de alguma forma... Estava escolhido, então!! Não tivemos mais dúvida nesse momento. E hoje temos certeza de que foi o nome mais acertado pra ele - Caio significa feliz, contente, aquele que traz alegria - e o nosso pequeno é tudo isso mesmo!
Então foi assim... um nome escolhido com muito cuidado, muito amor, que irá acompanhar nosso filhote por toda a vida e, de quebra, ainda com essa história bacana...
terça-feira, 18 de novembro de 2008
LÁ VÊM OS DENTES
domingo, 16 de novembro de 2008
QUANDO RELAXAR É A MELHOR SOLUÇÃO
Caio ainda não curtiu a idéia de descobrir novos sabores: só quer saber de peito e pronto. Água, vá lá. De vez em quando um chazinho de ameixa, que o intestino está preso desde que saiu da amamentação exclusiva. Mas as frutas, sucos e papas... hummmm... está lento o processo.
Essa semana achei que ia engatar uma primeira: depois de dois dias experimentando com mais gosto frutas e papinhas salgadas, na quarta feira ele comeu todo o mamão amassadinho que coloquei no prato, abriu um bocão pra comer a papa no almoço e ainda tomou um pouco do suco de pêra à tarde. E pra completar, fraldona lotada no fim da tarde. Terminei o dia feliz, feliz - incrível o poder que eles têm de mexer com nossas emoções.
Mas, no dia seguinte... começou a sequência "birra com a colher". Olhava a colher - de qualquer coisa, não importava o cheiro, a cor, o sabor ou a textura - e virava a cara, fechava bem a boca, não queria mesmo. E, em paralelo, começou a dormir pior à noite, a acordar mais que o normal, a querer mamar muuuuuito de noite... E eu ansiosa, me sentindo a pior das mães - ô culpa maldita que nos acompanha! -, pensando o que eu estaria fazendo de errado, inconformada.
E assim foi até hoje, quando resolvi relaxar. Segui o conselho da minha - sábia - mãe e dei um tempo nas comidas de colher. Acordamos hoje bem tranquilos, dei "mamá" a hora que ele quis, tirou a sonequinha da manhã, e quando acordou ofereci - despretensiosamente - o chá de ameixa (já que ele há três dias não me brinda com um dos grandes prazeres maternos, a fralda suja de cocô!) e... ele aceitou! Ficou brincando com o copinho, e foi que foi (com a ajuda mais que especial do tio Rafa)! Continuamos nesse clima relax, sem forçar a barra com comidas, mamando à vontade e, à tarde, depois de mais uma sonequinha conjunta com a mamãe, ofereci meio como quem não quer nada um suquinho de laranja lima com mamão... e ele tomou quase tudo (dessa vez com a super participação da tia Flá)!!!
Fim do dia alegre pra mamãe de novo, depois de três dias assim meio frustrada... E a certeza de que esses danadinhos estão antenados em tudo, sentem nossas ansiedades, se ligam muito nas pressões e adoram quando a gente relaxa e deixa a vida fluir no tempo deles...
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
ESPECIAL PARA O PAPAI
... para dar água na boca do papai que está longe, imagens do pequeno que começa a descobrir o mundo com suas próprias pernas ...
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
O SEU OLHAR*
O seu olhar lá fora
O seu olhar no céu
O seu olhar demora
O seu olhar no meu
O seu olhar
seu olhar melhora
Melhora o meu
Onde a brasa mora
E devora o breu
Como a chuva molha
O que se escondeu
O seu olhar
seu olhar melhora
Melhora o meu
O seu olhar agora
O seu olhar nasceu
O seu olhar me olha
O seu olhar é seu
O seu olhar
seu olhar melhora
Melhora o meu
... nada como olhinhos negros e brilhantes que nos despem a alma para tornar tudo assim tão leve e ao mesmo tempo tão profundo ...
* música: Paulo Tatit/Arnaldo Antunes
AS MÃES E OS BLOGS
Nunca tinha acompanhado blogs, até virar mãe. Então descobri todo um universo de mães blogueiras, mamíferas internautas que compartilham reflexões e experiências. E me inspirei. São tantas, e tão intensas as transformações vividas a partir da gestação e do nascimento de um filho, que inevitavelmente começam a transbordar: senti necessidade de expressar tudo isso em palavras, e achei que um blog seria um bom lugar para isso. Quem sabe uma possibilidade de, também, compartilhar as minhas reflexões e experiências, acertos e erros de uma mãe de primeira...
[sem contar que será uma forma bacana de vovôs, vovós, tios, tias e amigos distantes acompanharem um pouco das novidades da nossa familinha!]
terça-feira, 11 de novembro de 2008
TEM DIAS QUE EU CHORO*
O período da minha gestação foi repleto de emoções as mais diversas, chorei e ri com intensidades nunca antes experimentadas. Obviamente detonadas pelas alterações hormonais, a vivência dessas emoções foi muito além delas, e fizeram desse período um dos mais prazerosos desses meus trinta e um anos.
Assim, no meio desse turbilhão, ficava imaginando como seria no dia do parto, me via chorando copiosamente após o nascimento do meu pequeno. Mas isso não aconteceu: após a avalanche de sensações físicas, mentais, espirituais vividas durante o parto mais-que-perfeito que tive, a partir do momento em que meu filho nasceu a plenitude foi tamanha que eu não chorei. Uma serenidade tomou conta de mim, só conseguia sorrir e mirá-lo sem parar. Não derrubei uma lágrima. Ali senti o quanto a maternidade mexeria com minha sensibilidade, mais do que eu poderia imaginar, muito mais do que o que eu já tinha vivenciado durante a gravidez.
Meu filhote nasceu numa segunda-feira de madrugada, meus pais e sogros vieram nos ver após o almoço e, no fim do dia, quando todos se foram e eu me vi sozinha com ele em meus braços, amamentando-o como se sempre tivesse feito aquilo, pela primeira vez eu chorei. Olhava para aquele ser tão pequenino e chorava, lembrava dos momentos intensos vividos durante o parto e chorava, sentia um amor maior que tudo me invadir e chorava, chorava, chorava e sorria incontrolavelmente. Nunca tinha me imaginado capaz de uma emoção tão intensa, tão avassaladora. Aquilo me tomava o fôlego de uma tal forma, experimentava uma sensação de felicidade tão grande, que era como se eu estivesse dopada.
Essa sensação me invadia quase todos os dias durante o primeiro mês de vida do meu filho. Bastava termos nosso momento a sós, olho no olho, pele com pele, e eu chorava e sorria sem parar novamente. Ao contrário da depressão pós-parto, tão comentada, eu tive um surto de felicidade pós-parto (esse sim deve ser difundido!), um encantamento que fazia com que as dificuldades naturais desses primeiros momentos da maternidade parecessem pequenas. Por várias vezes, racionalizando essa sensibilidade contraditória, em que choros e risos se confundiam, lembrava das brincadeiras nas listas de discussão sobre a bendita ocitocina, e imaginava que minha produção devia estar nas alturas...
Aos poucos, fui me acostumando com essa nova sensibilidade que despertou quando a mãe dentro de mim nasceu. Olhares, toques, embalos, carícias, cuidados, brincadeiras, cantigas foram canalizando toda essa emoção, e eu já não choro tanto... Mas vira e mexe me pego olhando para aquela coisinha, lembrando de tudo que passamos juntos ao longo dos nove meses de gestação, do nosso trabalho conjunto para que ele viesse ao lado de cá do mundo, vejo aqueles olhinhos me encarando, aquelas mãozinhas me acariciando... e choro... choro mesmo, como criança... sinto a mesma emoção me invadir, com a mesma intensidade.
Meu marido acha graça. Ele é parte de toda essa emoção, ele sim chorou no momento do nascimento, mas não consegue imaginar o que seja essa sensibilidade tão intensificada. Mas vejo um sorriso bonito no seu rosto quando me flagra num desses dias a chorar. E quando isso acontece, lembramos do quanto nos empenhamos para trazer nosso filho ao mundo da forma mais humanizada possível, do quanto nos unimos para transformar em realidade um ideal de nascimento que fomos construindo juntos ao longo dos nove meses de gestação, e compactuamos na certeza de que toda essa sensibilidade aflorada de modo tão intenso e tão feliz tem relação direta com nossas escolhas, conquistas e vivências em relação à gestação e ao parto. E que essas mesmas escolhas, conquistas e vivências direcionaram irremediavelmente nosso modo de ver, pensar, sentir, vivenciar a maternidade – e a paternidade – como um todo, ainda que tenha dias que eu chore, e ele ria...
* texto publicado no blog Mamíferas, em outubro de 2008, como "mamífera convidada".